O governo brasileiro deve adotar uma posição mais forte para destravar e avançar as negociações na Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentával (Rio+20), conforme recado dado durante plenária internacional de organizações não governamentais realizada hoje (16) na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo.

A diretora executiva da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), Vera Masagão, considera que o documento discutido na Rio+20 é frágil e equivocado, pois baseia-se em um conceito que maquia as forças dominantes do capitalismo e transforma a natureza e os bens comuns em mais uma mercadoria.

“A sociedade civil organizada está cobrando que os Estados liderem uma transição mais radical para um novo modelo de desenvolvimento que não seja baseado no modelo consumismo-produtivismo, que já tem indícios de que é insustentável.”

Para ela, é o momento de o Brasil entrar com mais força nas negociações. “Numa situação em que os países do Norte estão em crise, eles vão ter muita resistência a se comprometer com qualquer coisa que envolva mudança na lógica de crescimento econômico a qualquer custo. Agora é a hora do governo brasileiro assumir uma liderança mais forte como país-sede, liderar de forma mais enérgica o clamor dos países do Sul como bloco.”

Segundo Masagão, está havendo uma falta de liderança na Rio+20, ao contrário do que ocorreu há 20 anos atrás, na Rio92. “Existe muito pouca liderança e os prognósticos indicam que essa conferência será um fracasso. Uma das grandes diferenças da Rio92 é que lá houve lideranças que puxaram e criaram o momento, como o [secretário-geral] Maurice Strong. Nós esperávamos que o Brasil pudesse fazer esse papel, mas não é isso que tem acontecido.”

O diagnóstico é semelhante ao do sociólogo Ivo Lesbaupin, que também faz parte da diretoria da Abong. “Existem saídas. Desde Copenhague [primeira conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente] se tem uma consciência crescente na humanidade da crise ambiental e das mudanças climáticas. E as reuniões internacionais dedicadas a resolver esse problema são pífias [por falta de liderança].”

FONTE : Agência Brasil