O crescimento populacional é o “desafio do século” e não está está sendo tratado de forma adequada na Rio+20, a conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável que começa nesta quarta-feira (13) no Rio. A avaliação é do consultor do Fundo de População das Nações Unidas, Michael Herrmann.
“O desafio do século é promover bem estar para uma população grande e em crescimento ao mesmo tempo em que se assegura o uso sustentável dos recursos naturais”, afirmou Herrmann no Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, realizado pelo Conselho Internacional de Ciências na PUC, na zona sul do Rio, como parte dos preparativos para a Rio+20.
“As questões relacionadas à população estão sendo tratadas de forma adequada nas negociações atuais? Eu acho que não. O assunto é muito sensível e muitos preferem evitá-lo. Mas nós estaremos enganando a nós mesmos se acharmos que é possível falar de desenvolvimento sustentável sem falar sobre quantas pessoas seremos no planeta, onde estaremos vivendo e que estilo de vida teremos”, afirmou.
No fim do ano passado, a população mundial atingiu a marca de sete bilhões de pessoas. As projeções indicam que, em 2050, serão 9 bilhões. O crescimento é mais intenso nos países pobres, mas Herrmann defende que os esforços para o enfrentamento do problema precisam ser globais.
“Se todos quiserem ter os padrões de vida do cidadão americano médio, precisaremos ter cinco planetas para dar conta. Isso não é possível. Mas também não é aceitável falar para os países em desenvolvimento ‘desculpa, vocês não podem ser ricos, nós não temos recursos suficientes’. É um desafio global, que exige soluções globais e assistência ao desenvolvimento”, afirmou.
O consultor disse ainda que o Fundo de População da ONU é contrário a políticas de controle compulsório do crescimento da população. Segundo ele, as políticas mais adequadas são aquelas que permitem às mulheres fazerem escolhas sobre o número de filhos que querem e o momento certo para engravidar. Para isso, diz, é necessário ampliar o acesso à educação e aos serviços de saúde reprodutiva e planejamento familiar.
“Atualmente, 200 milhões de mulheres no mundo não têm acesso aos cuidados com a saúde reprodutiva e ao planejamento familiar. Isso é inaceitável e ocorre principalmente nos países onde a população mais cresce”, afirmou ele, para quem essa situação tem mais influência sobre os níveis de fertilidade no mundo do que a forte presença da religião em algumas nações.
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