O Ibama já aplicou R$ 206 mil em multas e apreendeu 510 metros cúbicos (m3) de madeira ilegal (cerca de 25 caminhões cheios) em doze dias de fiscalização na região de Rorainópolis, a 290 km de Boa Vista, o principal pólo madeireiro de Roraima. Duas pás carregadeiras flagradas escondendo 102 toras extraídas ilegalmente da floresta e seis caminhões que tentaram cruzar a divisa com o Amazonas levando madeira irregular também foram apreendidos pelos agentes ambientais.Equipes do Ibama estão atuando desde 23 de maio em várias frentes no sul do Estado. As ações de fiscalização são para combater o que restou do esquema revelado na operação Salmo 96:12, deflagrada pelo Ibama e Polícia Federal. As fraudes patrocinadas pela quadrilha, com apoio de servidores públicos, regularizaram 21 mil hectares de desmatamentos e geraram 1,4 milhão de metros cúbicos de créditos de madeira nos sistemas oficiais que controlam a compra, venda e transporte de produtos florestais no país, o DOF e Sisflora.
“Vamos impedir que as ilegalidades prosperem. Roraima não vai virar um celeiro de créditos florestais para esquentar madeira ilegal da Amazônia, fora e dentro do Estado”, afirmou o coordenador-geral de Fiscalização do Ibama, Rodrigo Dutra, que esteve em Boa Vista e acompanhou parte da operação. Segundo ele, fiscais de várias partes do país continuarão sendo deslocados ao Estado para apoiar as ações do Ibama, que não têm prazo para terminar.
Para desarticular os arranjos do esquema em Roraima, o Ibama vem fiscalizando madeireiras, as origens da madeira transportada no Estado e as áreas de floresta que tiveram desmatamentos autorizados pelo órgão ambiental estadual.
FANTASMAS – Em Roraima, segundo levantamento do Ibama, mais de setenta empresas obtiveram licença ambiental da Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) para se instalar no polo madeireiro de Rorainópolis. As primeiras inspeções, porém, indicam que metade delas está irregular. Das 12 já vistoriadas, seis estavam inativas ou eram madeireiras fantasmas (sem sede física; existiam apenas no papel), irregularidades que facilitam o uso dos empreendimentos para esquentar madeira.
Nos últimos cinco anos, a Femarh também emitiu 687 autorizações de desmatamento (Autex) para Rorainópolis e 938 para Caracaraí, municípios ricos em florestas. As 116 que foram alvo das investigações na Salmo 96:12 já foram suspensas pelo Ibama, em razão das fraudes nos processos de regularização fundiária e ambiental. Agora, de helicóptero, os fiscais verificam mais áreas que tiveram o corte raso autorizado. Cinco já foram fiscalizadas, mas apenas uma delas pode integrar o esquema. A suposta fazenda não derrubou nenhuma árvore, mas negociou créditos da madeira.
ESTRADA – Desde o início da Salmo 96:12, Ibama e Polícia Federal fiscalizam todos os caminhões com madeira numa barreira na BR-174, única rota rodoviária de saída de Roraima. Na altura da Vila Jundiá, no limite com a Terra Indígena Waimiri-Atroari, seis caminhões foram apreendidos e os responsáveis multados. Eles transportavam madeira sem origem legal; tinham uma espécie na carga, mas declararam outra ou tinham madeira cuja origem era uma das 116 autorizações de desmatamento da Femarh já suspensas pelo Ibama.
Os bens apreendidos foram destinados à Prefeitura de Rorainópolis, à escola estadual Professor Leopoldo Campelo e à Fundação de Saúde Roraimazônia e serão utilizados em projetos sociais na região, após a conclusão dos processos de doação junto ao Ibama.
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