Com a realização da Operação Salmo 96:12, desencadeada pela Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no mês passado, para combater o desmatamento ilegal em Roraima, as atividades das madeireiras foram bloqueadas e estão sem funcionar. Para tentar encontrar alternativas, foi realizada na tarde de ontem uma audiência no plenário da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE/RR).
A audiência reuniu centenas de pessoas entre deputados federais, representantes de órgãos ambientais, entidades da sociedade civil organizada e outros que participaram das discussões junto ao Legislativo em busca de soluções para o funcionamento do segmento no Estado.
A empresária Cristiane Lopes Santos, proprietária de uma madeireira em Boa Vista, disse que 20 trabalhadores estão de aviso prévio e mais 20 que trabalham indiretamente também serão prejudicados. “O ramo da madeireira é um dos grandes impulsos da economia em Roraima. Nós estamos aqui para ser solidários com os que foram atingidos, pois todo o sistema de desmatamento do Estado foi travado com a operação”, disse.
Gilberto Ribeiro Gomes, gerente de madeireira no Município de Caracaraí, relatou que a região Sul foi a mais prejudicada. Segundo ele, várias empresas já paralisaram as atividades. “Eu ainda estou trabalhando, mas existem empresas que já estão cem por cento paradas”.
O gerente explicou que a empresa veio do Pará a convite e a promessa era ter apoio dos órgãos ambientais para trabalhar. “Há dois anos estamos aqui. Vieram conosco cerca de 40 trabalhadores. O que nós queremos é simplesmente trabalhar, pois quando fomos convidados para vir para cá, conversamos com os órgãos ambientais e recebemos o apoio para a retirada da matéria-prima”, disse.
O deputado Remídio Monai (PR) disse que a audiência foi realizada na intenção de ouvir o segmento madeireiro do Estado e apoiar principalmente aqueles empresários que trabalham cerca de 20 a 30 anos e ainda colaboram para o desenvolvimento de Roraima. “O nosso principal item de exportação do Estado é a madeira, um ramo que gera renda. São empresários corretos e nós queremos que não coloquem todos no mesmo lugar, como se todos fossem bandidos”, frisou.
E ele complementou: “Não estamos aqui para defender quem cometeu ilícito, pois esses precisam ser punidos, mas estamos aqui para buscar uma solução, pois corre-se um risco de se gerar um caos social. Temos madeireiras que estão devendo aos postos de gasolina de R$50 mil a R$ 100 mil”.
A superintendente do Ibama, Nilva Baraúna, disse que a audiência é importante na medida em que ela informa às pessoas que são partícipes desse processo. “É necessário realmente para esclarecer a operação para não ficar como algo que foi feito de forma atropelada e sem critério”, argumentou.
Para ela, o anseio dos órgãos ambientais é que as empresas madeireiras realizem suas atividades de forma regular, realizando atividades de desenvolvimento sustentável, pois fora dessa perspectiva o resultado será mais uma vez desmatamento. “Não queremos de forma alguma acabar com as atividades madeireiras, mas queremos que tudo isso aconteça de forma regular, ou seja, que se dê entrada [nos documentos] aos órgãos ambientais, que se cumpram as normativas e que se transporte a madeira legalmente. Essas são formas legais”.
Operação foi equivocada, diz presidente da Unifloresta
O presidente da Associação da Cadeia Produtiva Florestal da Amazônia Unifloresta, Luiz Alberto Pereira, criticou a Operação Salmo 96:12. Para ele, os resultados da ação dos órgãos federais não são verdadeiros em relação à quantidade de área desmatada. “Esses números são equivocados”, disse.
Pereira acredita que qualquer possibilidade de inversão de valores possa prejudicar e trazer insegurança aos investidores de fora. Disse ainda que é possível desenvolver Roraima com sustentabilidade.
Nilva Baraúna, superintendente do Ibama, explicou que os números podem ter margens de erros, mas não foram equivocados, porque se calcula a quantidade de madeira que foi retirada do Estado pela quantidade de autorização e ainda as regiões são rastreadas e registradas por satélite. “As áreas são detectadas pelo sistema de satélite. Acredito que não tem como haver erros nos desmatamentos de Roraima”.
FONTE: Folha de Boa Vista
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