Para a Fundação Nacional do Índio (Funai), a construção de usinas hidrelétricas é um caminho inevitável e necessário para garantir a geração de energia elétrica do país. “A verdade é que não tem como deixarmos de fazer hidrelétricas na Amazônia. O que temos que discutir é quais são as tecnologias que iremos usar para ter o menor impacto ambiental possível, além de ter um sistema de compensação eficiente”, diz Aloysio Guapindaia, diretor do departamento de promoção ao desenvolvimento sustentável da Funai.

Guapindaia está à frente da execução de políticas de “etnodesenvolvimento” que serão tocadas no entorno da usina de Belo Monte, que neste mês completou um ano de execução de suas obras. “Quando você for ligar a luz da sua casa, pense em Belo Monte. A discussão não é ser contra ou a favor, mas sim ter uma consciência da necessidade daquele empreendimento. Deixemos de fazer as hidrelétricas? Vamos fazer térmicas e nucleares? O Brasil fez a opção por uma energia limpa”, comenta.

Há pelo menos 22 usinas projetadas para a Amazônia, conforme balanço do instituto de pesquisa Imazon. Dessas, sete já estão em construção no Amapá, Mato Grosso, Pará e Rondônia. Um dos projetos mais polêmicos na região é o da hidrelétrica São Luiz do Tapajós, que já teve seus estudos de impacto ambiental iniciados neste ano pela Eletrobras. São Luiz, projetada para ser erguida no rio Tapajós, na divisa dos Estados de Amazonas e Pará, é considerado o último dos grandes projetos de geração hidrelétrica do país. Na região, há uma série de terras indígenas e reservas ambientais. Estas últimas já tiveram suas áreas reduzidas pelo governo para liberar o caminho para o licenciamento.

“Esses projetos têm impacto ambiental? Têm, mas são os que geram menos impacto. Temos que olhar de maneira prática. Não tem como ser contra um projeto como Belo Monte. O que ele exige de nós é responsabilidade. No nosso caso, é a defesa dos direitos indígenas”, diz Aloysio Guapindaia. “Acredito que é perfeitamente conciliável ter o desenvolvimento do país com respeito ambiental e à cultura e direitos indígenas.”

Nos próximos dez anos, a União planeja investimentos de R$ 96 bilhões para gerar 42 mil MW de energia hidráulica, tendo como cenário os principais rios localizados na Amazônia: Tapajós, Tocantins, Araguaia, Xingu e Madeira.

Fonte: Valor Econômico