A JBS contestou as informações divulgadas em um relatório na última quarta-feira pelo Greenpeace.

Em comunicado protocolado na CVM, a empresa afirma que as denúncias da organização “são falsas, enganosas, incorretas e induzem a sociedade a uma conclusão equivocada sobre a realidade dos fatos”, e que a companhia entrará com uma ação na Justiça contra o Greenpeace.

Segundo a organização, a JBS não teria respeitado um acordo firmado com o Ministério Público Federal, em que se comprometeu a não comprar animais provenientes de áreas desmatadas, de territórios indígenas ou de propriedades rurais embargadas por empregar pessoas em condições análogas à escravidão.

No comunicado, a JBS rebate cada acusação. No caso das fazendas Flor da Mata e Tesouro Vienense (MT), embargadas pelo Ibama, a empresa informa que a última compra de gado das propriedades ocorreu antes do embargo pelo órgão ambiental.

O Greenpeace admite ter se “equivocado” com as fazendas Tesouro Vienense e Vento Sul. A primeira foi autuada pelo Ibama uma semana após o último fornecimento de gado à JBS. A segunda não foi embargada pelo órgão ambiental. “As duas, porém, estão envolvidas em desmatamentos ilegais, direta ou indiretamente, e são fornecedoras da JBS”.

A companhia negou também que as Fazendas Muiraquitã e JK Pneus façam parte da lista do Ibama. Já em relação à fazenda Santa Rita de Cássia, em que o ONG acusa a JBS de comprar gado de uma fazenda com mão de obra análoga à escravidão, a empresa argumenta que o dono da fazenda citado no relatório “encontra-se bloqueado na lista de fornecedores da JBS”. E que adquire gado de propriedade homônima localizada em Juará (MT), e não em Nova Monte Verde (MT), conforme a denúncia.

Acusada de adquirir gado da Fazenda Panterra, que estaria em uma terra indígena no Pará, a JBS informou que a propriedade está situada a 339,15 Km de distância da divisa da reserva indígena. Já em relação à Fazenda Panorama, também em terra indígena, a companhia informa que a propriedade não consta em seu cadastro de seus fornecedores.

A JBS afirma que os pontos georreferenciados das outras nove fazendas que estariam em terras indígenas “estão fora da área da reserva”. Apesar disso, reconhece que recebeu uma “única” notificação do MPF sobre o tema e que todas as fazendas lá mencionadas foram bloqueadas.

A empresa afirma ainda que o monitoramento de fornecedores indiretos somente seria possível se o Brasil tivesse um sistema de rastreabilidade que permitisse a identificação da origem do gado desde o nascimento até sua terminação.

Por Luiz Henrique Mendes e Bettina Barros
Fonte: Valor Econômico