As aves que habitam na Amazônia estão mais ameaçadas do que nunca, pois o risco de extinção de uma centena de espécies aumentou neste ano, segundo a nova edição da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) divulgada nesta quarta-feira.

 

O documento conclui que o risco de extinção aumentou “substancialmente” para cerca de uma centena de espécies de aves da Amazônia e destaca o caso do Chororó-do-rio-branco (Cercomacra carbonaria) e do João-de-barba-grisalha (Synallaxis kollari)

A Lista Vermelha classifica as espécies em nove categorias, conforme o grau de ameaça ao qual estão submetidas. Existem dois grupos (“Não avaliado” e “Dados insuficientes”) para designar as espécies das quais há poucas informações, e outros sete grupos que as ordenam de acordo com o risco de extinção.

Por ordem de menor para maior risco, os grupos são: preocupação menor, quase ameaçada, vulnerável, em perigo, em perigo crítico, extinta em estado silvestre e extinta.

Na última edição da Lista Vermelha, o Chororó-do-rio-branco era uma espécie “quase ameaçada”, enquanto o João-de-barba-grisalha foi catalogado como “em perigo”. Já nesta nova atualização, ameaçadas pelo desmatamento, as duas espécies avançaram a categorias de maior risco, e o João-de-barba-grisalha foi considerado “em perigo crítico”.

“Subestimamos o risco de extinção de muitas das espécies de aves da Amazônia”, lamentou o diretor de Ciência, Política e Informação da ONG BirdLife, Leon Bennun. Segundo ele, a situação pode ser pior que o previsto em decorrência do que chamou de “enfraquecimento” da legislação florestal brasileira, referindo-se ao polêmico recém-aprovado Código Florestal.

No total, são 95 as espécies das Américas que subiram a categorias de risco maior, entre as quais também se encontra o Mergulhão-de-touca (Podiceps gallardoi, agora em “perigo crítico”) e a Tesourinha-da-mata (Phibalura flavirostris), uma espécie recém-descrita que foi pela primeira vez avaliada como “em perigo”.

A Lista Vermelha também reconhece certos avanços na conservação de algumas espécies animais, como o Formigueiro-do-litoral (Formicivora littoralis), pequeno pássaro da Mata Atlântica que passou de “em perigo crítico” a uma categoria de menor risco após se descobrir que está mais difundida do que se achava.

Embora a situação de um grande número de espécies de aves da Amazônia tenha piorado, o relatório da UICN é otimista com relação ao Formigueiro-do-litoral, pois considera que seu futuro é mais seguro, já que a área onde vive esta espécie foi recentemente declarada protegida.

A atualização de 2012 também adverte sobre uma piora na situação do Pato-de-cauda-afilada (Clangula hyemalis), considerado agora uma espécie “vulnerável”, frente à “preocupação menor” da última edição da Lista Vermelha. Também na Europa, o Pato-fusco (Melanitta fusca) passou de “preocupação menor” para a categoria “em perigo”.

FONTE : http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,aves-da-amazonia-estao-mais-ameacadas-do-que-nunca-alerta-uicn,883583,0.htm