A Delegacia da Polícia Civil em Grajaú, no Maranhão, está apurando quem são os autores do assassinato da líder indígena Maria Pereira Guajajara, de 52 anos, morta a tiros no fim de semana na Terra Indígena Cana Brava, que fica na zona rural do município.

O delegado Alexandro de Oliveira Passos Dias disse à Rádio Nacional da Amazônia que dois homens entraram de moto na aldeia, com a autorização da própria líder indígena, alegando que iriam vender roupas e acessórios. Depois, pediram para comprar cigarros de maconha. O marido da índia entrou na casa para buscar os entorpecentes. neste momento, um dos homens sacou a arma e atirou em Maria Pereira. Os suspeitos fugiram. Até o momento ninguém foi preso.

A líder assassinada era conhecida por denunciar crimes de pistolagem e casos de extração ilegal de madeira. O delegado não descarta, ainda, que o crime possa ter como motivação o tráfico de drogas ou assaltos dentro da Terra Indígena Cana Brava.

“Nós vamos verificar essas duas linhas de investigação. O próprio marido da vítima ‘ventilou’ essa linha de investigação”. Conforme Passos Dias, os índios cultivam maconha dentro da terra indígena, atividade tolerada apenas para consumo próprio, o que, segundo o delegado, não está ocorrendo na região.

Segundo o delegado, também são frequentes os assaltos na região, em especial na BR-226. “Dentro dessa reserva indígena passa uma BR. Tanto indíos quanto brancos praticam os assaltos, aproveitam os quebra-molas para praticar os assaltos, usando armas de fogo”.

Na próxima quinta-feira (3), os guajajaras devem fechar a Rodovia BR-226 para pedir mais segurança e monitoramento das aldeias.

A situação dos índios no Maranhão tem recebido atenção da opinião pública de outros países. Recentemente, uma organização não governamental (ONG) britânica iniciou campanha internacional em defesa dos índios awá-guajás, ameaçados pela exploração ilegal de madeira. A campanha conta com o apoio do ator Colin Firth, vencedor do Oscar de melhor ator em 2011 pela atuação no filme O Discurso do Rei.

Em 2011, quatro indíos foram assassinados no estado. Além de assaltos e tráfico de drogas, as mortes podem estar relacionadas com crimes ambientais. Conforme o Conselho Missionário Indigenista (Cimi), ligado à Igreja Católica, no ano passado, 3,2 mil metros cúbicos (m³) de madeira foram apreendidos. Madeira suficiente para encher 160 caminhões. Este ano, já foram apreendidos cerca de 1.000 m³ de madeira.

FONTE : Agência Brasil