Uma atriz americana se juntou na segunda-feira (21) ao protesto de ativistas do Greenpeace que se mantêm presos à âncora de um navio cargueiro na baía de São Marcos, próximo ao porto do Itaqui, em São Luís (MA). O protesto, que tem impedido que a embarcação aporte, completou uma semana ontem.
Em imagens divulgadas pelo Greenpeace, a atriz Q’orianka Kilcher, 22, aparece presa à ancora do navio Clipper Hope, de 175 m de comprimento, segurando uma bandeira com a frase “Dilma, desliga essa motosserra” estampada.
A embarcação deveria ter aportado em Itaqui na semana passada, quando seria carregado com uma carga de 31 mil toneladas de ferro gusa, produto cuja cadeia de produção os ativistas afirmam provocar desmatamento na Amazônia.
Kilcher, que atuou em pequenos papéis em filmes e séries de TV americanas, interpretou em 2005 a personagem indígena Pocahontas no longa “O Novo Mundo”.
“Estou aqui, presa a essa âncora, porque no mundo todos jovens como nós vamos herdar os problemas que as gerações passadas deixaram para trás”, disse a atriz.
“O trabalho escravo e a extração ilegal de madeira, que a gente vê em livros de história, infelizmente ainda são uma realidade no Brasil.”
Segundo o Greenpeace, a atriz cumpriu um dos turnos de quatro horas presa à âncora do navio. Desde a semana passada, diversos ativistas têm mantido a ocupação, um por vez ou em duplas, em um sistema de revezamento.
O navio pertence à Viena Siderúrgica S/A, sediada no Maranhão. Ela e outras empresas da região são acusadas pelo Greenpeace de utilizar carvão produzido a partir do desmatamento ilegal no processamento do ferro gusa (componente primário na fabricação de aço).
De acordo com o Greenpeace, nem a tripulação do navio nem a Marinha tentaram interferir no protesto até o momento. Os ativistas afirmam que não têm data para deixar o navio.
Em nota, a Viena Siderúrgica S/A disse que “contesta a legitimidade do protesto realizado pelo Greenpeace no navio”.
“O ferro gusa produzido pela empresa é gerado exclusivamente a partir de carvão vegetal de origem legal. A Viena descredencia automaticamente fornecedores que porventura venham a ter problemas de ordem trabalhista, social ou ambiental, sempre que forem constatadas irregularidades”, disse a empresa na nota.
A Viena também afirmou que “respeita e se solidariza com as causas do Greenpeace, e informa que está analisando eventuais medidas para o caso”.
Os ativistas alcançaram o navio utilizando uma embarcação do grupo, o Rainbow Warrior, que havia chegado a São Luís em 13 de maio. Ao se aproximarem, eles escalaram a corrente da âncora e permaneceram presos a ela.
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