O imbróglio diplomático da fronteira Brasil / Bolívia entre extrativistas brasileiros e campesinos bolivianos parece não chegar ao fim. Desta vez foi a vez do seringueiro brasileiro Benedito Paiva deixar de forma humilhante suas terras na Província Federico Román em território boliviano sem ter direito a quase nada.

Benedito nasceu e criou-se na Bolívia e foi registrado no Município de Plácido de Castro no Estado do Acre. Seu pai, Manoel Paiva, cearense e soldado da borracha, trabalhava no Seringal Porto Barba no Rio Mamu desde 1945, vindo a falecer no ano de 2005 em Rio Branco. Aos 39 anos de idade, Benedito (VEJA VÍDEO ) continuou vivendo na mesma região, casou-se com uma boliviana, construiu família e hoje vive o pesadelo de ter que abandonar de vez a colocação Santo Antonio no Seringal Porto Bolívia. Ele é casado com Neuza Nico Guazama e possui sete filhos.

Suas terras têm titularidade legal expedida pelo Instituto de Reforma Agrária da Bolívia – INRA, e está no nome de sua esposa, mas mesmo assim os campesinos não concordam que ela seja dona das terras porque é casada com um brasileiro. Dona Neuza chorou quando teve que deixar sua própria terra e diz que eles foram muito maltratados na Bolívia.

Ela diz que ama o Brasil porque é bem tratada aqui, e no país onde nasceu é tratada como um animal qualquer.

A família recebeu hoje uma cesta básica do Projeto Ética e Cidadania, comandado pelo Professor Marquelino Santana que também está organizando a documentação das crianças para efetuar as matrículas na escola municipal 13 de Maio no Distrito de Extrema.

A família de extrativistas pede encarecidamente um pedaço de terra no Brasil: “Nós imploramos a presidenta Dilma que olhe por nós e que não nos abandone, pois nós não podemos mais viver numa humilhação como esta”, disseram eles.

O Professor Marquelino está reunindo os extrativistas do Rio Mamu para serem atendidos pela equipe médica do Exército Brasileiro nos dias 26 e 27 de maio, durante o Aciso da Operação Curare que está sendo realizada na fronteira Brasil / Bolívia. “Nós também estamos esperando a vinda do INCRA para dar uma satisfação aos seringueiros do Rio Mamu, eles ficaram de vir no final de abril e até agora nada”, disse o Professor a nossa reportagem.

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