A principal liderança da Federação Huni Kuĩ no Acre, Ninawá Huni Kuĩ, confirmou no final desta quarta-feira (23) que até amanhã mais de 400 índios chegam do interior do Acre para declarar guerra contra a Funai. Eles vão resistir a um mandado da Justiça Federal que determina a desocupação do prédio. O prazo vence nesta segunda-feira (28). Nesta quinta, eles devem participar do ato por Igualdade Racial e prometem também invadir a Assembleia Legislativa.

De acordo Ninawá, nenhuma das promessas feitas pela presidente da Fundação Nacional do Indio [Funai] Marta Azevedo, foram cumpridas até agora. Cerca de 40 representantes de tribos indígenas se reuniram com Marta no dia 09 de maio, em Brasília.

As tribos acamparam na sede da Funai no Acre no início do mês de maio, depois foram até Brasília onde impuseram como condição para saída da Fundação, o recebimento de uma lista de reivindicações e a retomada de discussões a respeito da questão fundiária, um problema, que segundo o porta-voz das tribos, se arrasta desde o governo de Jorge Viana.

Desde Brasília que os índios não se demonstraram satisfeitos com o resultado da reunião. Eles estão representados pelas tribos Ashaninka, Apolima Arara, Huni Kuĩ, Jaminawa, Madja, Manchiner e Nawá. Ninawá disse que não sentiu muita firmeza no comprometimento da Funai em examinar detalhadamente as questões apresentadas. O encaminhamento prometido para o dia 10, não foi cumprido.

Pode acontecer confronto com a Policia já que na segunda-feira vence o prazo para os indígenas permanecerem acampados na sede da instituição no Acre. Uma segunda reunião está prevista para acontecer na primeira quinzena de junho. Uma das reivindicações das tribos é que o evento aconteça em formato de audiência pública.

Em nota, lideranças indígenas afirmam que ocupação à sede da FUNAI será mantida

24 de maio de 2012 – 11:11:54

Líderes das etnias Huni Kui, Jaminawa, Manchineri, Apolima Arara, Nawa e Ashaninka emitiram, nesta quinta-feira (24), uma nota de esclarecimento sobre a ocupação à sede FUNAI em Rio Branco. No documento, os índios pedem que a sociedade seja solidária à causa.

“Uma delegação nossa foi em Brasília, onde denunciamos as violações dos nossos direitos, no que se refere à invasões das nossas terras, e os descasos de saúde e educação em nossas aldeias. Solicitamos providências da Funai, mas até agora não houve nenhum encaminhamento para resolver nossos problemas”, afirmam.

Os indígenas dizem ainda que, ao invés de proteger e defender os direitos dos povos indígenas, a Funai estaria fazendo ameaças e os funcionários teriam abandonado o prédio, alegando terem sido impedidos de trabalhar por causa da manifestação. “Não vamos voltar para nossas comunidades sem garantias. Ocupamos a sede da FUNAI, porque queremos que ela cumpre com seu principal objetivo: “Exercer, em nome da União a proteção e promoção dos direitos dos povos indígenas”. Entretanto, atualmente a Funai está fazendo o contrário, nos ameaçando e privando dos nossos direitos. Os funcionários da instituição abandonaram o prédio, alegando que os impedimos de trabalhar. Agora querem nos retirar com força policial. Recebemos das mãos de um oficial de justiça um mandado de citação e intimação para desocupação do prédio. Se não podemos ficar na Funai onde ficaremos então?

O movimento alega que a ocupação não visa cargos públicos, mas a imediata retomada dos processos de demarcação de nossas terras tradicionais por parte do Governo Federal, melhorias na saúde indígena e na educação.

Cerca de 100 índios que estão acampados na sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Rio Branco, desde o último dia 15. A Justiça Federal determinou a desocupação.

FONTE : redação ac24horas