Dos 62 municípios, 52 já decretaram estados de emergência. No total, 77 mil famílias no Amazonas já sofrem com a cheia dos rios. O fenômeno trouxe prejuízos de R$ 60 milhões para o Estado

No Amazonas, 83% dos municípios foram afetados pela cheia dos rios. O número representa aproximadamente 3,3 milhões de pessoas em todo o Estado. O fenômeno já trouxe prejuízos de R$ 60 milhões devido a queda da produção agrícola dos municípios.
 
Dos 62 municípios, segundo a Defesa Civil do Estado do Amazonas, 52 deles decretaram estados de emergência e dois estão em situação de calamidade pública.
 
O superintendente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) no Amazonas, Marco Antônio Oliveira, explicou o motivo da cheia se deu de forma antecipada devido às chuvas que caíram antes do previsto “É possível que esse rio Tapajós esteja represando o Amazonas. O Tapajós também teve uma grande cheia. Por causa do represamento dos rios Negros e Solimões, Manaus, Itacoatiara e Manacapuru também foram afetadas”, afirmou o superintendente.
 
De acordo com o diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), Edimar Vizolli, a alagação decorrente da cheia pode gerar um prejuízo ainda maior aos agricultores. “Esse prejuízo pode chegar a R$ 80 milhões até a próxima sexta-feira (18)”, alertou. O valor do prejuízo foi apontado, segundo o diretor do Idam, em um relatório preliminar desta semana. Segundo Edimar Vizolli, o prejuízo deste ano representa R$ 10 milhões a mais do valor calculado durante  toda última grande cheia de 2009.
 
A Defesa Civil do Estado estuda a possibilidade de transferir algumas comunidades ribeirinhas alagadas para outras áreas do Estado. Atualmente, 77 mil famílias estão sofrendo com o fenômeno.
 
Os dois municípios em situação mais crítica são Careiro da Várzea (a 25,74 quilômetros de Manaus) e Anamã (a 161,93 quilômetros) que estão praticamente submersos. Segundo o secretário adjunto da Defesa Civil do Amazonas, Hemórgenes Rabelo, equipes estão avaliando a possibilidade de transferir moradores de comunidades ribeirinhas de Anamã e Careiro da Várzea para outras localidades.  “Na antiga cheia recorde, em 2009, atingimos a maior cota no dia primeiro de julho. Neste ano, já superamos a cota no meio de maio o que nos é preocupante. Essas pessoas que moram nestas áreas não possuem mais condições de permanecer aqui. Vamos avaliar e acompanhar o serviço hidrológico para traçarmos objetivos para essas pessoas” disse Hemórgenes.  
 
A Defesa Civil do Estado ainda trabalha com a previsão do fim da subida das águas até a primeira quinzena de junho, dado disponibilizado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM).
 
Conforme Hemórgenes, atualmente, há uma equipe especializada locada em cada um dos dois municípios que estão em calamidade pública, que além deste atendimento diferenciado, estão recebendo mais recursos para restabelecerem os serviços essenciais nos municípios. “Os municípios que decretaram estado de emergência também estão sendo atendidos pela Defesa Civil que ajuda com serviços básicos como alimentação dos habitantes”, acrescentou.
 
Prejuízos na produção
 
Os dados do Idam apontam que os municípios de Careiro da Várzea,  Anori, Anamã e Barreirinha foram os que tiveram suas produções agrícolas mais afetadas tendo perda de aproximadamente 100% de suas produções. Mandioca, banana e mamão estão entre os cultivos mais afetados até o momento.“Atualmente mais de 13 mil famílias agrícolas estão sofrendo com as cheias no nosso Estado. Estamos preocupados com a possibilidade de aumentar este número e com as conseqüências que isso poderá nos trazer”, conclui Vizolli.
 
Bairros em Manaus
 
Na manhã desta quarta-feira (16), as águas do rio Negro atingiram a marca de 29,78 metros, considerada a maior cota de cheia dos últimos anos.  Segundo dados da Defesa Civil do Município atualmente 13 bairros da cidade foram afetados: Glória, São Raimundo, Santo Antônio, São Jorge (Zona Oeste), Presidente Vargas,  Centro, Raiz, Educandos, Aparecida (Zona Sul), Cidade Nova e Colônia Antônio Aleixo (Zona Norte) e Mauazinho (Zona Leste), São Geraldo (Zona Centro-Sul).
 
Ruas do Centro
 
No Centro da cidade Avenidas como Eduardo Ribeiro e Sete de Setembro foram parcialmente interditadas pela prefeitura. Pontos turísticos como o Relógio Municipal, prédio da Alfândega, Feira da Manaus Moderna e a Praia da Ponta Negra também estão alagados.
 
FONTE A Crítica