Servidores de saúde de área indígena que prestam serviço no Distrito Sanitário Especial Indígena do Leste de Roraima (Dsei- Leste) e Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Yanomami) reclamam das más condições de trabalho e do atraso de salários. Conforme relataram, muitos têm que comprar até seu material, como caneta e papel. Os dois distritos empregam 1.400 servidores.
Um servidor, que pediu para não ter o nome divulgado, disse que existem pessoas viajando sem poder levar seus alimentos e existem polos onde são obrigados a beber água suja. “Trabalhamos em péssimas condições. Há lugares que não existem malocas e temos que dormir ao relento”, relatou, ao comentar que viajam em aviões que muitas vezes apresentam sinais de falta de manutenção. “Certa vez, um helicóptero teve que fazer um pouso forçado, por sorte ninguém ficou ferido”, acrescentou.
Outra reclamação é em relação ao adicional de insalubridade que, segundo os servidores, a categoria recebe somente 20%. Afirmam ainda que estão sem receber uma ajuda de custo no valor de R$ 300,00. “É meu pai que está pagando as minhas contas”, disse um servidor reclamando do salário que ganha.
Segundo os servidores, eles já procuraram o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Área Indígena de Roraima (Sintrairr), Marcos Sá, mas nada foi feito. Marcos de Sá disse que tem conhecimento dessa situação e que o sindicato está trabalhando para tentar amenizá-la.
O sindicalista confirmou que há falta de material como papel, caneta, material de limpeza e diversas vezes os servidores tiveram que comprar peça de motor para gerar energia elétrica para conseguirem trabalhar. “Estou ciente desses problemas e para tentar resolvê-los, o sindicato está organizando uma assembleia para a próxima segunda-feira. Iremos conversar com as chefes dos dois distritos. Na pauta estão a questão salarial e a insalubridade”, disse.
Segundo Sá, o Ministério da Saúde repassa o recurso para a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que, por sua vez, repassa para a Missão Evangélica Caiuá, responsável por depositar o pagamento na conta dos servidores.
Joana Claudete Schurtz, chefe do Dsei-Yanomami, e Dorotéia Gomes, chefe do Dsei-Leste, disseram que não estão autorizadas a falar sobre o atraso do pagamento dos servidores. Quanto ao material de trabalho, Joana Claudete informou que os servidores precisam fazer um requerimento solicitando-o.
A Folha não conseguiu contato com assessoria da Sesai, que fica em Brasília.
FONTE: Folha de Boa Vista
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