Logo após a abertura da assembleia, na manhã de domingo, o coordenador-geral do CIR, Mário Nicácio Wapixana, conclamou as lideranças a mudarem a programação do evento para esta segunda-feira, a fim de recepcionar Paulo Maltos. Eles também dedicaram várias horas discutindo quais assuntos serão tratados com ele.
De uma forma genérica, o CIR deverá apresentar reivindicações visando políticas públicas voltadas ao etnodesenvolvimento dos povos indígenas e articulação para implantação dos projetos em nível estadual e nacional. Mas devem falar também do Projeto de Lei nº 2540/2006, que propõe autorização para a construção de uma hidrelétrica na Cachoeira do Tamanduá, localizada no rio Cotingo, interior da terra indígena Raposa Serra do Sol.
Em outros encontros, os indígenas já disseram que a Cachoeira do Tamanduá é um espaço sagrado situado no coração da terra indígena Raposa Serra do Sol e que a construção de uma hidrelétrica naquele local vai gerar enormes impactos socioambientais e um novo processo de invasão, facilitando a chegada de garimpeiros e a mineração na terra indígena.
Conforme o CIR, toda a bacia do rio Cotingo será afetada e no mínimo oito comunidades terão que ser removidas. As lideranças indígenas da Região das Serras iniciaram uma mobilização contra a construção da hidrelétrica do Cotingo, com a construção de um centro regional para reuniões e eventos junto à comunidade localizada ao lado da cachoeira do Tamanduá.
CIR vai elaborar carta para ser entregue às autoridades
Até o final do encontro, CIR deverá reunir mil pessoas no Centro Regional do lago do Caracaranã
Dezenas de indígenas, lideranças do CIR e convidados estão desde sábado no Centro Regional do lago do Caracaranã. O evento, que foi aberto ontem pela manhã, segue até quinta-feira, 15. O tema do encontro é “Fortalecendo a Luta e a Autonomia dos Povos Indígenas de Roraima”.
Conforme o vice-coordenador do CIR, Ivaldo André, a Assembleia Geral já é tradição entre os indígenas, tornando-se um momento importante de fortalecimento da luta dos povos, visando à construção de uma política indigenista e à promoção da união e articulação entre as lideranças e comunidades indígenas de Roraima.
Durante cinco dias, serão debatidos assuntos como política indigenista, organização das comunidades, gestão ambiental nas terras indígenas, fiscalização das terras já homologadas e debate sobre as que estão ainda sob litígio na Justiça ou à espera de identificação administrativa por parte da Funai.
O coordenador regional da Fundação Nacional do Índio, André Vasconcelos, chegou sábado ao local e afirmou que vai ficar até o final do evento à disposição das lideranças para discutir qualquer assunto de interesse das comunidades. “Não vim para uma visita rápida. Estarei aqui até o final à disposição de vocês”, frisou ao se apresentar à assembleia, na manhã de domingo.
Ao final da assembleia serão encaminhados diversos documentos e uma Carta Final para as autoridades, com as principais reivindicações, denúncias e proposições aprovadas durante o encontro. O documento é assinado por todos os participantes da assembleia.
Os coordenadores do CIR afirmam que o encontro no Lago Caracaranã tem um papel importante, que é simbolizar a reconquista das terras tradicionais pelos povos indígenas e mostrar que as comunidades têm todas as condições de desenvolver projetos autossustentáveis, inclusive utilizando o próprio lago como local de formação de lideranças.
FONTE: Foha de Boa Vista
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