Dentre as espécies a serem estudadas estão peixes, anfíbios e répteis, mamíferos, dentre outros existentes na região amazônica.

A Amazônia chama a atenção do mundo pela sua biodiversidade, constituída em grande parte de ambientes ainda inacessíveis. Para diminuir a falta de informação com relação à fauna, um grupo de pesquisadores criou a Rede de Pesquisa para Ampliação do Conhecimento sobre a Biodiversidade de Vertebrados da Amazônia Brasileira com Aplicações sobre seu Uso e Conservação (Rede BioPHAM).

Para a coordenadora da Rede, doutora em Genética, professora Izeni Pires Farias, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o trabalho sobre a biodiversidade amazônica resultará na descrição, ou seja, identificação de novas espécies crípticas (que vivem em cavernas) ou não. A diferenciação entre elas, segundo a pesquisadora, está na genética das espécies, no caso, os vertebrados, que são o alvo principal do estudo.

Prevista para iniciar no primeiro semestre de 2012, a rede BioPHAM está vinculada ao Programa de Apoio a Núcleos de Excelência em Ciência e Tecnologia (Pronex), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), desenvolvido em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), cujo objetivo consiste em apoiar, com recursos financeiros, grupos de alta competência que tenham liderança e papel nucleador no setor de atuação em Ciência e Tecnologia no Estado do Amazonas.

Dentre as espécies a serem estudadas estão peixes, anfíbios e répteis, mamíferos (pequeno e médio porte, voadores e não voadores), dentre outros que vivem em seis localidades distintas da região amazônica, como a Estação Ecológica Juami-Japurá, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus (RDS Piagaçu), São Gabriel da Cachoeira-Cucui (Alto Rio Negro), RDS Uatumã (Rio Jatapu), Médio Rio Trombetas e o Parque Nacional da Amazônia (Parna Amazônia) no Rio Tapajós. Segunda a pesquisadora, o processo de escolha destes locais não foi aleatório.

Banco

Dentre os resultados esperados estão a formação de um banco de dados genético padronizado com código de barras e com dados genéticos georreferenciados (com localização registrada), interligado às coleções de tecidos e coleção taxonômicas, além de dados biológicos e ecológicos, oportunizando o acesso às informações coletadas por outros pesquisadores. Segundo Farias, o estudo é de grande relevância para a comunidade científica, pois permite conhecer melhor a biodiversidade da fauna da região.

“Em biologia, um complexo de espécies crípticas, é um grupo que satisfaz a definição biológica de uma espécie. São isoladas reprodutivamente entre si, mas são morfologicamente idênticas. Os indivíduos das espécies dentro de um complexo somente podem ser separados quando utiliza-se dados que não provenham da mesma morfologia, como a análise da sequência de DNA, bioacústica ou estudos sobre o ciclo de vida”, disse a pesquisadora.

Geografia analisada

O doutor em Biologia Evolutiva e Genética, Tomas Hrbek, integrante da Rede BioPHAN disse que além da análise de novas espécies haverá estudos mais consistentes sobre as espécies. “Há sempre espécies novas a serem descobertas, entretanto, as espécies crípticas são parecidas, mas geneticamente apresentam diferenças importantes. Esse segmento da ciência é uma ferramenta que complementa e compreende a biodiversidade”, destacou.

Para a pesquisadora, após os quatro anos de coleta de dados, a Rede BioPHAN irá mostrar a existência do potencial da biodiversidade amazônica a ser descrita. A pesquisadora faz um alerta sobre a perda dessa biodiversidade em razão da velocidade em que a floresta amazônica sofre interferência humana.

“Na região do Rio Madeira, há um grande impacto antropogênico, como a construção de hidrelétricas, essa região foi estudada por meio de trabalhos científicos os quais apontam espécies novas, demarcando regiões de hibridação entre espécies, mas com a construção de hidrelétricas, tudo isso pode desaparecer”, alertou Izeni Farias.

FONTE: http://www.portalamazonia.com.br/editoria/ciencia-e-tecnologia/pesquisadores-rastreiam-novas-especies-da-fauna-amazonica/