Roraima detém metais vitais para a indústria de alta tecnologia. Estudo do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) aponta que 17 minerais que formam um conjunto de óxidos metálicos chamados terras-raras foram encontrados na região do Apiaú, em Mucajaí. Esses minerais conferem características especiais a ligas metálicas utilizadas em equipamentos de última geração, como tablets, telefones celulares e lasers.

São difíceis de ser encontrados com alto grau de pureza e concentração. São bons condutores de eletricidade e de calor, além de altamente magnetizáveis. É o caso do mineral neodímio, que em uma combinação com ferro e boro produz um imã responsável pela vibração do telefone celular.

A pesquisa faz parte do programa Terras-Raras Brasil da CPRM, coordenado pela geóloga Lucy Chemale. O mapeamento é feito associando geofísica com levantamento básico.

No dia 13 de abril, uma equipe chegará a Boa Vista para desenvolver um trabalho de reconhecimento no entorno da área chamada de Repartimento no sul do Apiaú, onde foram encontrados os minerais no ano passado. Já havia um relatório datado da década de 80 com a indicação dos metais, mas o potencial real só foi descoberto agora.

De acordo com Marcelo Almeida, gerente de Geologia e Recursos Minerais da CPRM, resultados de rochas e amostras do solo analisadas em laboratórios mostraram que a região é rica em elementos de terras-raras.

“Vamos aumentar o volume da amostragem para tentar delimitar com precisão a região exata que está mineralizada. Neste momento, devemos concentrar a pesquisa onde encontramos os minerais, mas queremos estendê-la ao norte e, sobretudo, à parte central e sudeste de Roraima”, explicou Almeida.

Essa mesma pesquisa também encontrou os 17 elementos químicos em Pitinga, situada no Município de Presidente Figueiredo, ao nordeste do Amazonas. A região já era conhecida por sua mineralização, mas agora teve os minerais identificados.

Para que a iniciativa privada possa explorar a jazida, Almeida explicou que a CPRM precisa elaborar um estudo de viabilidade, contendo teor, volume do material e acesso, além de infraestrutura para instalar a mina. “O governo reconhece onde existe o potencial mineral e depois empresários interessados requisitam a área para pesquisa. Se a área apresentar potencial para exploração, é feito um plano para a lavra e depois a abertura da mina”, esclareceu ele.

O programa Terras-Raras Brasil existe há quatro anos, mas está sendo intensificado agora em razão da exigência do mercado. Os insumos, aplicados em eletroeletrônicos de alto desempenho, como dispositivos de mísseis e circuitos de computadores, além da composição do motor elétrico dos carros híbridos, é alvo de uma disputa acirrada.

O consumo mundial dos 17 elementos químicos atualmente é de 150 mil toneladas por ano. Aproximadamente 97% da demanda mundial são supridos pela China. Contudo, o governo chinês criou cotas de exportação, superdimensionando o preço do produto.

“Hoje todo o mundo está na corrida em busca de novas reservas de terras-raras, porque a China criou barreiras para exportação. O preço no mercado mundial vai ter impacto grande”, ressaltou o gerente.

Para ele, Roraima foi “sorteado pela natureza”. “Existe potencial para exploração, só vamos investigar para saber até onde vai esse potencial. O fato de termos encontrado terras-raras no Apiaú não quer dizer que o restante do Estado não tenha esse tipo de mineralização, mas já é um ponto de partida”, enfatizou Marcelo Almeida, gerente de Geologia e Recursos Minerais da CPRM.

PROGRAMA – Em todo o país, o programa de pesquisa será desenvolvido em três etapas e concluído em 2014. Com recursos de R$ 15 milhões, resultará no mapeamento completo do Brasil e o conhecimento de seu potencial para terras-raras, com ênfase para Roraima, onde os trabalhos serão executados pelo Núcleo de Apoio de Roraima (Naro).

FONTE: Folha de Boa Vista