A recuperação da estrada ligando as comunidades indígenas de Tabatinga e Caju, no município de Uiramutã, 360 quilômetros ao Norte de Boa Vista, era uma reivindicação de dezoito anos, que pôde ser atendida neste sábado, 25, pelo governo do estado. É a primeira vez que a estrada, de 56 quilômetros, ganha piçarra. A reinauguração foi feita pelo governador em exercício, Chico Rodrigues.
O pior trecho da estrada era o que liga a vila de Água Fria à comunidade de Caju. Eram 12 quilômetros de buracos, em meio às serras, percorridos apenas de moto ou de carro com tração, nunca em menos de 40 minutos. Esse percurso agora é feito em poucos minutos, de carro comum, sem qualquer obstáculo.
“Antes, a gente só subia de carro traçado; agora, a gente consegue subir até de Fusca”, constata, satisfeito, o indígena Maciel Pereira da Silva, operador do motor que fornece energia à comunidade de Caju, visitada neste sábado pelo governador em exercício de Roraima e secretário de Agricultura, Chico Rodrigues.
Caju e Tabatinga são apenas duas das 33 comunidades da região das serras beneficiadas com a recuperação da estrada aberta há quase duas décadas pelo então governador Ottomar Pinto. E os indígenas, que produzem macaxeira, feijão, arroz, pescados e carne de corte, já pensam mais adiante: “Quando vem a estrada boa, vem melhor educação, saúde e comunicação”, comemora o vereador indígena de Uiramutã Albertino Dias.
Albertino tem nas mãos um documento em que pede a instalação de uma torre com antena de telefonia móvel celular na comunidade de Água Fria, o pólo de desenvolvimento das comunidades indígenas daquela região, onde vivem cerca de 2.500 pessoas, muitas delas reunidas na escola estadual São Sebastião Cailã, neste sábado, para receber o governador em exercício.
O governo do estado trabalha no projeto de abertura de mais 35 quilômetros de estrada, ligando Caju à Serra do Sol, já próximo ao Monte Roraima, onde vivem cerca de 1.200 índios ingaricó. Mais dezoito comunidades serão atendidas. Hoje, os indígenas fazem esse percurso a pé. Levam três dias. Existem vários casos de morte de pessoas doentes por demora no socorro médico.
Chico Rodrigues assumiu, em nome do governador José de Anchieta, o compromisso de atender às reivindicações mais urgentes das comunidades representadas por dez tuxauas em Água Fria. “São pedidos simples, de benefícios comuns, como a conclusão do refeitório da escola, mais tempo de energia por dia, recuperação de pontes, acesso a crédito agropecuário”, relata o governador em exercício.
O gestor da escola São Sebastião do Cailã, professor Joverson Abrahm Sales, apresentou ao governador as reivindicações das comunidades indígenas: estrutura da Universidade Virtual (Univirr), aumento do fornecimento de energia de 12 para 18 horas por dia, uma quadra poliesportiva coberta, refeitório e saneamento básico mínimo, com a recuperação e a melhoria de fossas sépticas.
“O estado nasceu com as comunidades indígenas”, recorda o governador em exercício Chico Rodrigues, anunciando que a meta é fazer com que as comunidades sustentem e produzam para comercializar. Ali perto, em Socó, a comunidade comercializou, no ano passado, 4,6 toneladas de peixe. Na Água Fria, os índios seguem o exemplo e já têm um tanque com oito mil peixes. Querem aumentar a produção.
Chico Rodrigues disponibilizou técnicos da Secretaria de Agricultura para ajudar os indígenas a obterem crédito bancário através do Pronaf (Programa Nacional da Agricultura Familiar). O governo do estado, que já dá assistência na construção de tanques, no fornecimento de alevinos e de canos de água, também vai ajudar na compra da produção para atender à merenda escolar, a unidades de saúde e a programas sociais.
Convênio firmado entre o governo do estado e o Ministério do Desenvolvimento Agrário já asseguraram, para este ano, R$ 3 milhões e 330 mil para o Programa de Aquisição de Alimentos, mas existe a garantia de aporte de montante igual para depois do mês de setembro.
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