A retomada da pavimentação da BR-319 que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO) traz à tona uma preocupação dos cientistas quanto ao risco de extinção à biodiversidade na região. Pesquisadores buscam identificar e quantificar as espécies de animais existentes na área.
O projeto ‘Fatores Ecológicos e Históricos na Evolução da biota Amazônica: variação molecular e fenotípica de espécies e comunidades biológicas na Amazônia Ocidental’, está sendo desenvolvido pela pesquisadora Albertina Pimentel Lima, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“O Programa Pronex é de altíssima qualidade, pois permite a união de diferentes linhas de pesquisas em estudos integrados, isso permite que nós possamos trabalhar com unidades amostrais padronizadas e de grande relevância para o conhecimento do Estado do Amazonas. Os conhecimentos gerados por este programa vêm ajudando na tomada de decisões do uso mais apropriado das diferentes paisagens amazônicas”, disse Albertina Lima.
Fauna
Com o objetivo de caracterizar a fauna na área de São Gabriel da Cachoeira (Alto Rio Negro) e ao longo da BR-319 (interflúvio Madeira-Purus) e relacionar a ocorrência dessas espécies com características de habitat e estimar a taxa de ocupação nas localidades amostradas, um grupo de pesquisadores foi a campo e conseguiu capturar um total de dez indivíduos de quelônios, dois jacarés e 315 indivíduos de 62 espécies de aves.
“A compreensão dos fatores envolvidos na origem e manutenção do padrão de alta diversidade encontrados hoje na Região Amazônica apenas pode ser alcançado por meio de estudo conjunto de fatores históricos e ecológicos que atuam sobre populações locais. Por isso buscamos nesse projeto, estudar detalhadamente os padrões filogeográficos e de diversidade genética e ecológica e em alguns grupos de aves, anfíbios, répteis, peixes e mamíferos em duas áreas pouco conhecidas da Amazônia ocidental: o interflúvio Madeira-Purus e a bacia do Rio Negro”, afirmou Lima.
Ainda segundo a pesquisadora, a inclusão da captura e estudos de jacaré no subprojeto ‘Quelônios’ dentro deste projeto maior, se deve ao fato de os hábitats amostrados na pesquisa serem principalmente de nascentes de cursos d’água e outros corpos hídricos (poças temporárias ou permanentes), geralmente ocupados por quelônios aquáticos e frequentemente jacarés. Essa realidade motivou a inclusão do grupo dos Crocodilianos na coleta de informação dentro desse subprojeto.
Expedições
As primeiras expedições de amostragem foram realizadas em março e abril de 2011 nos municípios de Purupuru (km 23) e Manaquiri (km 100) da rodovia BR-319. Durante a expedição, foram utilizadas armadilhas tipo fyke net (construída com argolas de plástico – mangueira), dispostas uma dentro da outra em forma de funil), sendo que também foram feitos levantamentos noturnos a pé. As armadilhas foram expostas uma média de 62.53 horas em cada área.
Neste processo também foram realizadas amostragens de aves com redes de neblina em 25 parcelas distribuídas em seis módulos. Ao total foram capturados 315 indivíduos de 62 espécies e dos indivíduos capturados, 130 foram coletados e preparados em campo, o que resultou em uma média de 22 indivíduos taxidermizados (empalhados). Os espécimes coletados e seus respectivos tecidos foram depositados na Coleção de Aves do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
De acordo com a pesquisadora, ainda serão feitos estudos de variações no nível local e regional em comunidades de quelônios, peixes e anuros ao longo das áreas, cujos resultados possibilitarão explorar a inter-relação entre os padrões de diversificação e as características ecológicas, história geológica e climática da região com ênfase na região ocidental da Amazôna brasileira.
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