Testes mostraram que todos os metais foram absorvidos da mesma forma independentemente do local.
Estudo realizado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) identificou que o uso da planta Alocasia macrorhiza, conhecida popularmente como orelha-de-elefante-gigante, pode ser utilizada como biorremediadora em áreas contaminadas. Significa que a planta tem a capacidade de absorver metais pesados do solo, como cádmio (Cd), cromo (Cr), cobre (Cu), chumbo (Pb), níquel (Ni) e zinco (Zn). A pesquisa foi conduzida por Josias Coriolano de Freitas e é fruto do trabalho de doutorado denominado ‘Avaliação da Alocasia macrorhiza como fitorremediadora dos metais Cd, Cr, Cu, Ni, Pb e Zn’.
Com o apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), via Programa RH Posgrad, o levantamento teve como objetivo avaliar, pela primeira vez, a capacidade de absorção dos metais pesados pela planta Alocasia macrorhiza, que pode ser encontrada na flora de algumas matas ciliares da cidade de Manaus.
Conforme Freitas, a pesquisa foi iniciada em 2006 e foi concluída em 2010, a coleta das plantas foi realizada em áreas cujo nível de contaminação é elevado, como locais próximos aos igarapés da Universidade Luterana, no conjunto Atílio Andreazza; na Avenida Torquato Tapajós, no bairro Flores; no Conjunto Jardim de Versalles, no bairro Planalto; no Posto Rodoviário de Manaus da Rodovia BR-174, quilômetro 7, e em uma área não impactada localizada na Ufam, no bairro Coroado.
“O uso de plantas para a descontaminação do solo e da água contaminados por produtos químicos é utilizado há mais de três séculos. A fitorremediação alcançou importância mundial por ser uma tecnologia que extrai e/ou imobiliza contaminantes de origem orgânica e inorgânica”, salientou.
Os testes feitos mostraram que todos os metais foram absorvidos da mesma forma independentemente do local, informou Freitas. Ele ressaltou que o chumbo foi o metal que apresentou maior concentração na planta, seguido por cromo, cádmio, cobre, níquel e zinco, sequência que se repete nas partes (caule, folhas e raízes) analisadas da planta.
No Amazonas, segundo Freitas, a ocorrência de metais pesados se deve ao processo de ocupação desordenada, resíduos industriais, principalmente, na estação seca, quando foram encontrados os maiores valores de concentração. Ele destacou que, conforme levantamentos feitos em 2007, as concentrações dos metais pesados estavam acima dos valores permitidos pela Resolução 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). “Outras fontes comuns são os resíduos urbanos, pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes que contêm mercúrio (Hg), muitas tintas contêm chumbo, enquanto baterias de celular e plásticos coloridos contêm cádmio (Cd)”, pontuou.
Resultados
O pesquisador explicou que a planta não prioriza uma região para acumular metais. Ou seja, ao ser absorvido pelas raízes, as substâncias se distribuem por toda a planta. Acredita-se que a fisiologia e/ou o mecanismo molecular de transporte facilita a distribuição dos metais. Plantas com essa característica são conhecidas como exclusoras. Significa que a concentração do metal nos tecidos é mantida constante até um determinado nível.
Plantas exclusoras, normalmente, são capazes de tolerar grandes quantidades de metais pesados em tecidos, além de ser tolerantes a múltiplos metais. “O resultado permite afirmar que a Alocasia macrorhiza é uma planta promissora para ser usada na implantação de um programa de fitorremediação, pois ela é hiperacumuladora desses metais”, destacou.
Segundo Freitas, todos os metais foram absorvidos da mesma forma independentemente do local (impacto e não impactado). Todas as concentrações encontradas dos metais Pb, Cr, Cd, Cu e Ni estavam acima dos limites normais de absorção de uma planta, apenas o Zn permaneceu no limite.
Sobre o RH Posgrad
Credenciados pela Capes, para o desenvolvimento de projetos de pesquisa de alunos regularmente matriculados, resultando em dissertação ou tese sob orientação de doutores vinculados a Instituições de Pesquisa e de Ensino Superior do Estado do Amazonas, o programa tem a finalidade principal de apoiar a formação de novos quadros para o sistema de pesquisa do Estado do Amazonas.
FONTE: Portal Amazônia
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