Biofungicida foi liberado pelo Ibama e Câmara Setorial do Cacau cobra aprovação definitiva.
A vassoura de bruxa, doença que tem provocado graves danos às plantações de cacau no Brasil desde 1980, pode estar com os dias contados. Isso porque o biofungicida Tricovab, desenvolvido desde 1999 pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), acaba de ser liberado pelo Ibama. O uso do produto, testado há quase oito anos por técnicos da Ceplac que monitoram cerca 475 mil hectares infestados pela praga na Bahia, já traz resultados excelentes: do total desta área 150 mil hectares já estão sendo recuperados. Apesar disso, o biofungicida precisa da aprovação do Ministério da Agricultura e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para chegar efetivamente às lavouras. As liberações, no entanto, ainda não tem prazo definido.
Para o presidente da Câmara Setorial do Cacau e secretário-executivo do Instituto Cabruca, Durval Libânio, a demora na liberação de um produto de controle biológico gera problemas sociais, econômicos e ambientais. “Além do endividamento do setor cacaueiro na Bahia, principal estado produtor, os produtores sofrem com a ausência de um sistema de produção que dê a segurança necessária para que haja investimentos na área”, afirma Libânio. Ele alerta ainda que o Tricovab é considerado um forte aliado no combate à praga, que devastou a cultura cacaueira no Brasil, fazendo uma produção que já chegou a 460 mil toneladas cair para 120 mil por safra.
A liberação final do Tricovab, segundo Libânio, trará incremento para a produção de cacau no Brasil, com impactos positivos para a conservação dos biomas da Amazônia e da Mata Atlântica e para toda a cadeia produtiva de cacau e de chocolate.
O Tricovab
Obtido por meio da fermentação de um fungo antagônico ao fungo causador da vassoura de bruxa (Moniliophtora perniciosa), o Tricovab é natural, desenvolvido a partir de cepas do fungo Trichoderma stromaticum cultivados em arroz. Comprovadamente eficaz – com eficiência acima de 80% – o biofungicida não agride o meio ambiente e nem os trabalhadores na lavoura e deve ter um preço bem inferior aos de agrotóxicos utilizados atualmente para controle da praga. Após algumas aplicações, o Tricovab se reproduz naturalmente no ambiente, sendo por isso considerado uma técnica sustentável. Os testes consumiram oito anos de pesquisa no Sul da Bahia e, segundo Manfred Müller, diretor-técnico da Ceplac, neste período “as etapas necessárias para o registro foram concluídas e todas as modificações solicitadas foram realizadas”
Fonte: NossaCara