Mato Grosso está muito próximo de um ‘apagão florestal’ em decorrência da greve dos servidores da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) paralisados há cerca de 40 dias. Conforme estimativas do segmento de base florestal as conseqüências econômicas e sociais serão imediatas, já que neste ano, apenas 50% das demandas foram atendidas pelo órgão. Se a greve perdurar por mais algumas semanas é dado como certa a perda de R$ 1 bilhão, dos cerca de R$ 1,7 bilhão que a atividade movimenta anualmente no Estado.

“É a pior crise do setor nos últimos anos e a mais grave da atual década”, conta o presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso (Cipem), João Carlos Baldasso. Mesmo antes da mobilização, durante todo este ano de 2011, segundo ele, apenas 50% das necessidades do setor este ano foram atendidas pela Sema. “Pode ocorrer um apagão florestal em nosso Estado, com a perda imediata de dois mil postos de trabalho, além de outros problemas sociais de proporções incalculáveis decorrentes do desemprego”, alerta.

A estimativa é de que até agora, com a paralisação de 40 dias, o prejuízo tenha alcançado a cifra de R$ 57,53 milhões para as madeireiras do Estado. Em Mato Grosso são 800 indústrias deste segmento em atividade, que geram cerca de 31 mil empregos diretos e arrecadação média de R$ 4,79 milhões por dia (R$ 145,83 milhões/mês). Por ano o setor movimenta no Estado em torno de R$ 1,7 bilhão.

O Cipem já se reuniu com o governo do Estado, com deputados e com representantes do movimento grevista e até ontem o impasse continuava. “Um verdadeiro caos se instala, empresas ameaçam fechar as portas e começar a demitir funcionários, pois sem a Sema funcionando os planos de manejo não saem, as licenças ambientais não são emitidas e por isso o segmento diz não ter condições de operar”.

Em um rápido cálculo, Baldasso diz que pelo menos 150 mil pessoas, em Mato Grosso, dependem direta e indiretamente da atividade madeireira para sobreviver. “Temos mais de 40 municípios com a economia dependente exclusivamente da madeira e, se a atividade não for retomada, poderemos afundar numa crise sem precedentes na história do setor em nosso Estado”.

Nos últimos 5,5 anos, foram emitidas 1,47 milhão de Guias Florestais (GFs), totalizando uma comercialização de R$ 9,57 bilhões.

ALERTA – Ele diz que a suspensão das licenças não afeta apenas as madeireiras este ano, “mas compromete o setor também em 2012, já que muitas empresas vão ficar sem estoque para trabalhar e não poderão cumprir os contratos já firmados com os compradores, inclusive empresas de outros países”. Atualmente, 20,73% da madeira extraída e beneficiada em Mato Grosso vão para exportação, enquanto 16,66% são vendas internas e, 62,62%, são destinados a outros estados. Os produtos saem em forma de madeira serrada, beneficiada, laminado, decking e outros.

Baldasso conta também que o prejuízo é irrecuperável, uma vez que as empresas estão em plena colheita da safra e, passando este período, vêm as chuvas e a produção para. “Todos estão preocupados e tentam de alguma forma encontrar uma saída para minimizar as perdas. A situação está crítica e as indústrias estão à beira do caos”, adverte o presidente do Cipem.

IMPASSE – Ele lembra que o impasse entre os funcionários e o órgão ambiental começou há cerca de 40 dias. “Quem tinha madeira extraída, ainda está trabalhando. Quem não tem, está começando a ficar parado. A greve da Sema pode engessar a economia de muitos municípios de Mato Grosso, como Juara, Juína, Aripuanã, Colniza, Nova Maringá, União do Sul, Nova Bandeiras, Apiacás, Santa Carmem e Marcelândia, os mais dependentes desta atividade”.

Fonte: Diário de Cuiabá