Todo ano a história se repete, parece um círculo vicioso onde os fatos às vezes retrocedem ou avançam, mas tudo é sempre igual. O assunto em questão é a velha prática das queimadas, mais precisamente a queimada na área urbana. A baixa umidade do ar, que tem registrado índices de 24%, aliada à falta de responsabilidade de alguns já somaram desde o dia 15 de junho nada menos do que 137 ocorrências de incêndio na capital. Algumas vezes o número de ocorrências chega a 10 em apenas um dia. E estamos apenas no início do período de estiagem, o que nos faz crer que, pelo andar da carruagem, vamos ultrapassar logo, logo a marca de 2010 que foi de 312 focos de incêndio entre os meses de junho e outubro.

As campanhas de conscientização alertando sobre os problemas decorrentes desta prática – os danos ao meio ambiente e a saúde – ainda estão longe de atingirem seu real objetivo. Já sentimos alguma melhora, é preciso reconhecer, mas ainda assim o que assistimos todos os anos nessa época mostra que é preciso fazer muito mais para que possamos chegar a um nível aceitável, ou pelo menos bem próximo disso. Além dos riscos de transformar um foco de incêndio em algo de grandes proporções, crianças e idosos são os que mais sofrem nesse período de estiagem e de queimadas. A péssima qualidade do ar resulta em sérios problemas respiratórios. Some-se a isso a precariedade do atendimento no sistema público de saúde, o que torna a vida do cidadão ainda mais difícil.

Mas os focos de incêndio na área urbana são apenas fagulhas quando se trata de queimada em Mato Grosso. Por aqui essa é uma prática ainda adotada por muitos nas áreas de plantio, entendendo ser o modo mais rápido e barato para preparar o solo ou limpar o terreno para o cultivo no fim da estação seca. Até porque, queimando pastagens antigas antes das primeiras chuvas, os criadores garantem que o capim rebrote mais atrativo para o gado. E quando o fogo fica fora de controle nem mesmo as áreas de preservação ambiental ficam a salvo.

Mudar esse quadro não é tarefa fácil, mas investir nas campanhas e intensificar a fiscalização ajuda, e muito, mais ainda quando se ‘pesa a mão’ no valor das multas. Até porque como já disse outras vezes, quando dói no bolso, pensa-se até três vezes antes de se passar da ideia à ação. Aliás, para muita gente esse parece ser o único ‘incentivo’ para evitar o desrespeito às leis, em todos os sentidos e não somente em relação às queimadas.

Fonte: Diário de Cuiabá