O Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) da Superintendência do Ibama do Amazonas recebeu, até o final de julho de 2011, 437 animais da fauna silvestre provenientes de apreensões, resgates e entregas espontâneas.

Foto: IBAMA

Os principais grupos da fauna silvestre mantidos e destinados pelo Cetas/Ibama/AM são répteis, especialmente. jabutis, tartarugas e tracajás, diversas espécies de aves, principalmente, pássaros e papagaios, e várias espécies de mamíferos, dos quais os primatas são o grupo mais representativo.

Em 2011, chegaram ao Cetas/Ibama/AM 10 espécies de primatas, entre elas, duas espécies de macacos-barrigudos (Lagothrix lagotricha e L. cana), sauim-de-mãos-douradas (Saguinus midas), sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), macaco-prego (Cebus apella), guaribas (Alouatta seniculus e A. belzebuth), micos-de-cheiro (Saimiri sciureus e S. ustus) e macaco-aranha (Ateles paniscus).

Os macacos-barrigudos têm sido uma das espécies de primatas mais comuns no Cetas/Ibama/AM e também no Cetas Sauim Castanheiras, mantido pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Manaus (Semmas/Manaus/AM).

No período de 2005 a 2011 (até a presente data), o Cetas/Ibama/AM registrou a entrada de 57 macacos-barrigudos, a maioria deles destinada posteriormente a zoológicos e criadores conservacionistas (mantenedores de fauna), em grande parte, localizados nas regiões sul e sudeste do país. O Amazonas dispõe atualmente apenas de dois zoológicos e um mantenedor de fauna silvestre aptos a recebê-los, que estão no limite da capacidade de manutenção da espécie. No momento, o Cetas/Ibama/AM mantém quatro indivíduos dessa espécie e o Cetas Sauim Castanheiras/Semmas 16; todos eles aguardando local para destinação.

O macaco-barrigudo é o nome popular dado a três diferentes espécies do gênero Lagothrix (Lagothrix lagothricha, L. cana e L poepiigii); todas elas de ocorrência na região amazônica. As espécies têm esse nome devido ao grande volume da barriga, ocasionado pela alimentação de grande quantidade de folhas, frutos e sementes. O hábito alimentar e a capacidade de locomoção na floresta as tornam importantes para a dispersão de espécies vegetais, especialmente, as arbóreas.

Entretanto, por apresentar um comportamento dócil, muitos espécimes de macaco-barrigudo são alvo do tráfico de animais, especialmente, para atender a demandas de pessoas que querem mantê-las como animais de estimação. Por isso, têm sido privados da vida livre e consequentemente impedidos de prestar esses “serviços” à floresta. Além disso, são animais ainda caçados e utilizados na alimentação humana, principalmente, em comunidades extrativistas no interior do estado. Mas há indícios de caça em localidades próximas à cidade, mesmo havendo tantas outras possibilidades de fontes alimentares advindas de animais de produção.

Semelhante ao que ocorre com outras espécies de primatas, geralmente, os animais são capturados quando filhotes e crescem no convívio humano. Isso dificulta seu retorno à natureza já que, durante esse convívio, deixam de desenvolver comportamentos essenciais para sua sobrevivência na floresta. Ademais, devido à proximidade genética com o ser humano, há possibilidade de contaminação mútua entre a espécie e pessoas, o que potencializa a ocorrência de zoonoses, que podem ocasionar problemas de saúde pública em ambientes urbanos e para as populações naturais caso esses animais sejam inadvertida e ilegalmente soltos na natureza. Por outro lado, o baixo número de Cetas no Amazonas e a crescente dificuldade de destinar essa espécie para criadores aptos a recebê-los têm agravado as condições de manutenção dos animais nessas unidades, que, em função disso, às vezes, precisam manter vários animais no mesmo recinto.

Diante dessa realidade e considerando que as espécies encontram-se no Anexo II da Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites) e na Lista da International Union for Conservation of Nature (IUCN) – União Internacional para Conservação da Natureza –, é premente que instituições integrem esforços para elaborar um programa para conservação das espécies de barrigudo que contemple a educação ambiental como uma de suas ações prioritárias a fim de que a população saia da posição de ameaça a essas espécies e passe a ser agente colaborador para sua conservação. Ao mesmo tempo, faz-se necessária a intensificação de estratégias de controle para coibir a caça e a captura dessas espécies e de outras de primatas da região amazônica.

Ressalta-se que a caça e a manutenção desses animais em cativeiro são consideradas crime ambiental, passível de multa de, no mínimo, R$ 5 mil por espécime.

Para maiores informações, entrar em contato pelos telefones (92) 3613 3094, ramal 224, do Ibama/AM, e (92) 3618 9345 / 3236 7060 (respectivamente, do Cetas e da Semmas/Manaus).

Fonte: Ibama