Alguns madeireiros de Rondônia estão utilizando um novo golpe para driblar a fiscalização dos órgãos de proteção ambiental. É a utilização das placas de identificação da cadeia de custódia dos planos de manejo. Desta forma é possível transportar árvores extraídas ilegalmente sem chamar muita atenção. A fraude foi descoberta no final de semana, quando dois carregamentos de madeira foram apreendidos em operação de combate ao desmatamento no município de Cujubim.
A fraude consistia em colocar as plaquetas da cadeia de custódia em árvores que foram retiradas ilegalmente de áreas de reserva legal de propriedades particulares ou de florestas públicas – através da cadeia de custódia é possível saber a localização exata e a essência florestal de cada árvore de um plano de manejo legalizado.
O objetivo do golpe era conseguir transportar a madeira ilegal das fazendas ao pátio das madeireiras, sem chamar a atenção da fiscalização, porque as árvores que não possuem a identificação com certeza não vieram de planos de manejo.
O agente de proteção ambiental da Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), Ronan Rodrigues Reis, disse que os motoristas dos caminhões, utilizados para transportar a madeira, apresentaram a documentação dos carregamentos, que aparentemente não apresentavam falhas. Depois de várias perguntas, os trabalhadores caíram em contradição e acabaram confessando que a madeira tinha sido extraída de uma propriedade particular e não de um plano de manejo, conforme constavam nos documentos.
EXPLICAÇÃO
“Isso é um problema grave, porque estão retirando madeira de áreas não autorizadas, enquanto que a árvore do plano de manejo continua de pé e quando ela for ser abatida será necessário cometer outra irregularidade, para a sua retirada”, explica o servidor da Sedam.
Os dois motoristas foram autuados pelo transporte ilegal da madeira. Também será iniciada investigação contra a madeireira que receberia os carregamentos e o dono da propriedade de onde as árvores foram extraídas.
Em Cujubim, a operação contra o desmatamento é coordenada pela Sedam com o apoio do Comando de Operações Especiais (COE) e do Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA).
Fiscalização gera protestos em Buritis
Há duas semanas, a fiscalização contra crimes ambientais desencadeou protestos no município de Buritis. Os manifestantes chegaram a fechar os acessos à cidade por mais de 30 horas, cobrando a regularização fundiária, para que a extração de madeira seja feita de forma legal. A mobilização coincidiu com a apreensão de dois caminhões toreiros, um tratador e uma retroescavadeira, que estavam dentro da reserva Jacy-Paraná.
Os protestos só chegaram ao fim depois que a Secretaria de Segurança Pública (Sesdec) anunciou o envio de tropas da Polícia Militar, para reestabelecer a ordem no município e prender os envolvidos no movimento.
Segundo o Ibama foi registrado desmatamento de 60 km² entre os meses de maio e junho dentro da reserva, o que motivou a intensificação da fiscalização.
Os municípios de Cujubim e Buritis estão incluídos no chamado “arco do desmatamento”, onde foi registrado crescimento da retirada ilegal de madeira – o monitoramento é realizado através de imagens de satélite.
Além de bases fixas, as operações nos dois municípios estão sendo realizadas com o patrulhamento volante das estradas rurais, por onde é escoada a madeira retirada ilegalmente das áreas de reserva.
Fonte: Diário da Amazônia
Deixe um comentário