O programa “Chuva na Roça”, de irrigação de pequenas culturas agrícolas em comunidades indígenas, já chega a 36 diferentes localidades, de um total de 50, que o governo do estado quer atingir ainda este ano. Nesta sexta-feira (22), na comunidade de Vista Alegre, em Boa Vista, o governador em exercício, Chico Rodrigues, foi ver de perto o que os índios estão produzindo.

Em Vista Alegre, o programa “Chuva na Roça”, uma iniciativa da Secretaria do Índio, dá suporte material e técnico a seis famílias indígenas que cultivam oito hectares de mandioca, de macaxeira de feijão de corda (caupi). A meta dos produtores, para o próximo ano, é plantar entre 10 e 12 hectares, inclusive de outras culturas.

O programa da Secretaria do Índio fornece o equipamento de irrigação – canos, aspersores, etc -, treinamento dos produtores e, num primeiro momento, as sementes e mudas necessárias. “Queremos apenas que nos ajudem a dar o pontapé. Daí para a frente, é com a gente”, diz Hélio Aniceto Cícero, coordenador do programa implantado em Vista Alegre.

Chico Rodrigues e os secretários do Índio, Hipérion Oliveira, e de Agricultura, Rodolfo Pereira, ouviram na visita à comunidade de Vista Alegre que os índios não querem saber de políticas assistencialistas. Eles querem apoio para poder produzir. Enquanto falava com o grupo que há um ano desenvolve o trabalho do “Chuva na Roça” ali, o governador em exercício ouvia o pedido de outros indígenas.

Em Vista Alegre, o tuxaua Alfredo Souza foi o primeiro a pedir a expansão do programa “Chuva na Roça” a outras famílias da comunidade que ele representa. A três quilômetros de onde o programa está sendo desenvolvido, a comunidade de Carapanã tem o apoio das secretarias do Índio e de Agricultura no plantio de uma grande área de mandioca, macaxeira, feijão e melancia.

Em Carapanã, a comunidade também quer um kit de irrigação do programa “Chuva na Roça”. Hoje, irriga a lavoura de forma artesanal, a partir de uma bomba d`água instalada no igarapé mais próximo. Os índios querem produzir mais, em escala comercial, para abastecer sobretudo o mercado de Boa Vista. A comunidade fica a cerca de 60 quilômetros da capital.

Escola abandonada
Na vila indígena de Vista Alegre, sede de um grupo formado por várias pequenas comunidades, um grupo de mães começa a se organizar e a explorar a venda de artesanato. Ali, o que não falta é reclamação. Dos jovens aos idosos, a linguagem é uníssona: todos querem condições para viver de forma digna, sem depender de assistencialismo ou de promessas eleitorais.

Céticos, os líderes indígenas e um grupo de professoras pediram do governador em exercício Chico Rodrigues que dê prioridade à conclusão de uma escola de oito salas de aula cuja obra está paralisada há oito anos – desde o governo Flamarion Portela – e cuja verba para construção, segundo o tuxaua Alfredo Souza, teria sido gasta sem que a obra fosse concluída.

Enquanto o prédio da escola não concluída é conservado pela comunidade de Vista Alegre, com limpeza do mato no entorno e proteção para evitar maior deterioração, a escola de quatro salas onde estudam todos os alunos da região funciona precariamente, com buracos no teto e escassez de pessoal, uma situação que o governo se comprometeu em resolver em pouco tempo.

“É lamentável que se tenha deixado chegar a esse estado”, analisa o governador em exercício. Para Chico Rodrigues, a comunidade de Vista Alegre nada mais quer que o exercício efetivo da sua dignidade, com atenção a áreas fundamentais. As reivindicações são legítimas, em sua avaliação.

A comunidade indígena de Vista Alegre quer a recuperação da estrada do Passarão, a conclusão da escola abandonada no meio da obra e meios para produzir e se autossustentar. Chico Rodrigues informou aos indígenas que apresentaria o diagnóstico ao governador José de Anchieta e garantiu que o governo dará a atenção necessária.

 

Fonte: BVNews