O governo do Estado de Mato Grosso e a Fundação Nacional do Índio (Funai) vão assinar um acordo de cooperação para evitar o desmatamento e ampliar a proteção aos índios no entorno no Parque Indígena do Xingu,que está completando meio século de criação. O diretor de Promoção para o Desenvolvimento Sustentável da Funai,Aloysio Guapindaia, disse que o órgão sabe dos problemas que existem no entorno da reserva e reconhece que são uma ameaça aos índios.

O cacique Kotok Kamaiurá,53 anos,líder da etnia Kamaiurá,que vive no sul do parque,denominado Alto Xingu,reclama que os índios “já não conseguem pescar e fazer roça como no passado”e que não tem muito o que comemorar. “A gente sofre muito com o desmatamento, com as queimadas. O rio também baixou bastante. O governo ainda quer construir a Hidrelétrica de Belo Monte. Estamos preocupados”.

A antropóloga Marina Kahn,que trabalha com índios do Xingu há mais de 30 anos,defende as medidas que recuperem a qualidade de vida nas aldeias. “A preservação do entorno do parque é fundamental, pois tem efeito direto sobre o que ocorre dentro da área reservada aos índios. No Parque do Xingu,tudo continua preservado. O entorno é que tem que mudar”. Ela lembra que “o desmatamento na nascente de um rio que corta o parque prejudica a qualidade da água que chega até os índios”.

A criação do Parque Indígena do Xingu é considerada um marco da política de proteção aos índios brasileiros. Com quase 27 mil km² de área,a primeira grande reserva indígena do país foi demarcada em 1961 e garantiu a sobrevivência de 16 etnias,ameaçadas pela exploração de recursos naturais e colonização da Amazônia. Passados 50 anos, porém,o território já não é o mesmo reduto de proteção. Localizado no meio do estado de Mato Grosso e na rota da expansão agrícola nacional,o parque sofre com mudanças no ambiente que o cerca.

 

Fonte: Blog Ciracial