As autoridades brasileiras que tratam sobre o meio ambiente jogam ao ar imagens via satélite sobre desmatamentos criminosos em vários pontos do território e, vez por outra, fazem incursões, com utilização da Polícia Federal e do Exército, para multar madeireiras que atuam de maneira ilegal e, em outras, para destruir grandes plantações de maconha e laboratórios de drogas construídos clandestinamente, no meio do mato.

Um trabalho árduo, sem dúvida, e que exige esforço e muita coragem, considerando que as forças-tarefa deslocadas para o meio da selva vão encontrar resistência e, inclusive, de homens bem armados.

O que não se pode entender, no entanto, é que são mostrados mapas televisivos apontando as irregularidades, através de grandes áreas desmatadas ou de grandes plantações de maconha, provando que o crime continua ativo, muito embora o esforço dos pequenos contingentes ser deslocado, vez por outra, para as áreas de conflitos.

Se é possível registrar os estragos de maneira constante via satélite, por que esperar que os devastadores atuem por algum tempo, derrubando extensas áreas de matas ou promovendo grandes plantações de drogas para somente depois chegar ao local, apreender a madeira cortada (ou o que resta daquilo que foi destruído) e multar os responsáveis? Se temos aviões e helicópteros disponíveis, por que, tão logo registrado o problema, não é tomada uma providência no sentido de eliminar, praticamente na raiz, o dano que está sendo causado?

Um estudo do Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia) está alertando para novas derrubadas previstas para a região e concluiu que a devastação vai aumentar entre julho deste ano e agosto de 2012.

Esse levantamento alerta para a provável derrubada de 7.134 quilômetros quadrados de florestas nesse período e diz que a atual taxa de desmatamento medida, entre agosto de 2009 e julho de 2010, foi de 6.451 quilômetros quadrados.

O levantamento do Imazon é tão rico em detalhes que alerta que os maiores riscos de desmatamentos estão ao longo da BR-320 (Transamazônica), na região da Terra do Meio e ao longo da BR-163, que liga o Pará ao Mato Grosso e que os três municípios com maior probabilidade de desmatamentos futuros estão na área de influência do empreendimento: Pacajá, Altamira e São Félix do Xingu.

Ora, se existem estudos a respeito e se pode ser observado por dados colhidos que existem desmatamentos criminosos em larga escala, inclusive, em unidades de conservação e terras indígenas (onde, conforme o estudo, não deveria haver nenhuma derrubada ilegal), por que esperar que o crime seja realizado para, tão somente, após ser tomada providência que, certamente, não oferecerá mais nenhum benefício ao meio ambiente destruído?

Por Moacir Rodrigues *
* Jornalista e escreve para o Jornal Agora.
Fonte: Jornal Agora