Amazônia. Levantado o pano de uma nova tribo de índios isolados

Há cerca de 100 tribos indígenas espalhadas pelo mundo que nunca tiveram contato com outros povos ou culturas e a maioria está concentrada na Amazônia. Daí que não tenha sido surpresa para a Funai (Fundação Nacional do Índio, sediada no Brasil) ter descoberto um novo grupo de índios perto do Vale do Javari, no Nordeste da floresta amazônica.

A nova tribo foi avistada esta semana e apresentada ao mundo em 23 de Junho, com direito a imagens das cerca de 200 pessoas, divididas por quatro grandes malocas (construções indígenas) avistadas entre três clareiras.

A novidade trazida por este grupo é que, de acordo com a Funai, as malocas aparentam ser construções recentes, no máximo com um ano de existência. “A roça, bem como as malocas, são novas, datadas de no máximo um ano. O estado das palhas usadas na construção e a plantação de milho indicam isso. Além do milho, havia bananas e uma vegetação rasteira que parecia ser de amendoim, entre outras culturas”, indicou, no dia 23 de junho, Fabrício Amorim, responsável da Funai pela preservação e coordenação do vale do Javari.

De acordo com as suas observações preliminares, os cientistas da Funai consideram que este grupo de pessoas que nunca teve contato com o exterior poderá pertencer à família linguística pano, um grupo de indígenas que se estende pela Amazônia brasileira, peruana e boliviana. A agora batizada Terra Indígena do Vale do Javari é já considerada a maior concentração do mundo de população indígena isolada e a sua descoberta vem servir, novamente, um propósito: alertar para as ameaças que as tribos enfrentam atualmente.

Desde 1987, a Funai decidiu não tentar estabelecer mais contatos com as tribos que já foram identificadas em toda a floresta amazônica, depois de terem chegado à conclusão de que, se os índios sabem da localização do “homem branco” e de outros grupos indígenas sem nunca terem tentado contatá-los, é porque não pretendem aproximações. Esse ano marcou também o início do mapeamento dos grupos tribais existentes na Amazônia e a criação de reservas indígenas preservadas – até hoje desconhecida pelos protegidos.

Não é, contudo, a questão do contato com tribos isoladas que representa o maior risco para estes grupos. Em Fevereiro deste ano, quando a ONG Survival International publicou as primeiras fotografias de uma outra tribo, recém-descoberta no Acre, o sertanista (explorador do interior isolado do Sertão) e então diretor da Frente de Proteção Etnoambiental do Alto Envira, José Carlos Meirelles, sublinhou ao jornal “Estado de São Paulo” que o problema crescente da exploração de madeira ilegal representa uma “ameaça cada vez maior” a estes grupos. “Apesar de todos os alertas, os governos não têm feito nada para deter as madeireiras e proteger os índios”, acrescentou Fiona Watson, da Survival.

Os alertas foram repetidos ontem por Amorim: “Entre as principais ameaças à integridade dos grupos estão a pesca ilegal, a caça, a exploração madeireira, atividades agropastoris com grandes desflorestamentos e situações de fronteira, como o narcotráfico. Outra situação que requer cuidados é a exploração de petróleo no Peru, que pode refletir-se especificamente na Terra Indígena do Vale do Javari”.

Fonte: Ionline.pt – Tupiniquim: Amazónia. Levantado o pano de uma nova tribo de índios isolados (indios.blogspot.com) 

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5 Comentários

  1. Precisamos reproduzir o seu texto por todo o Brasil!

  2. jose marcio moreira parente

    Fico muito apreensivo quanto ao destino dessa gente, destes primeiros ocupantes deste país, que em face do avanço da dita “CIVILIZAÇÃO”, não terá para onde ir, e assim como aconteceu com muitas outras tribos, não descarto a possibilidade de serem eliminados.
    Existe o interesse de grandes madeireiros em continuar desmatando as nossas matas, com a certeza de que não serão incomodados por ninguém, por isso, assim como muitos outros defensores dos povos indígenas, CHICO MENDES PAGOU COM A VIDA, LUTANDO CONTRA OS PODEROSOS QUE AINDA TÊM VEZ E VOZ NESTE PAÍS.
    GRANDES FAZENDEIROS, PECUARISTAS, MADEIREIROS E ESPECULADORES DE TERRAS, HISTORICAMENTE SEMPRE SAÍRAM NA VANTAGEM E, NÃO VEJO NADA QUE MUDE A POSSIBILIDADE DESSES NOSSOS IRMÃOS INDÍGENAS SEREM ELIMINADOS PARA QUE A “CIVILIZAÇÃO” CONTINUE AVANÇANDO, ATÉ QUE NÃO RESTE UMA ÁRVORE E NEM UM ANIMAL NAS NOSSAS MATAS.
    É TRISTE SABER QUE ESTE É O DESTINO DESSES ÍNDIOS, É A HISTÓRIA QUE VEM SE REPETINDO!!!

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  3. Ola tribo “PANO” que você sejam bem recebidos e que a felicidade possa reinar em sua tribo. Beijos

  4. Olá
    Indígenas da família linguística “PANO” se espalham por diversas regiões do Norte do Brasil. Na maioria das vezes suas crenças citam a existência de um ser supremo que paira sobre todos. Índios de família linguística “PANO” são encontrados no Amazonas e no Acre, por exemplo, e apresentam diversos estágios de relacionamento com a sociedade envolvente (não – índios). Nesses casos ocorrem influências dessa sociedade nas crenças indígenas ao longo do período de contato.

    Equipe Ecoamazônia

  5. eu queria saber a religião da tribo pano