O Ibama identificou até agora 23 lotes onde ocorreram desmatamentos e exploração irregular de madeira no Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, em Nova Ipixuna, no sudeste do Pará. Essas áreas, juntas, somam 340 hectares de florestas degradadas que começaram a ser alvos das autuações e embargos do instituto. As multas apenas por desmatamento poderão chegar a R$ 1,7 milhão, após a responsabilização de todos os envolvidos.

Proposta agroextrativista cede lugar ao pasto e ao carvão

Em um dos lotes, o Ibama já localizou e multou o ocupante em R$ 290 mil pela exploração ilegal de 58 hectares de mata nativa amazônica. O agricultor derrubou a floresta até na margem do rio para implantar pasto para gado, e usava a madeira para fazer carvão. Apesar de ocupar a terra, não era assentado e nem morava no projeto agroextrativista. Segundo revelou aos fiscais, ele comprou parte do lote de um assentado em agosto do ano passado, por R$ 5 mil, numa transação não reconhecida pelo Incra.

“É um caso que se repete em todo o assentamento. Das cerca de 200 famílias assentadas na época da criação do projeto (1997), temos hoje o dobro vivendo aqui, seja porque elas invadiram uma área ou a adquiriram ilegalmente. E o pior é que a grande maioria não vive do agroextrativismo, do uso sustentável da floresta, mas da exploração ilegal de madeira e carvão, além da criação de gado”, explica Marco Vidal, coordenador da operação do Ibama em Nova Ipixuna.

Estudo do setor de geoprocessamento do Ibama em Marabá confirmou que 2,7 mil hectares de florestas foram derrubadas para criação de gado dentro do Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira em apenas três anos. Em 2007, as florestas somavam 12,3 mil hectares e as áreas de uso alternativo (ou seja, as já convertidas para pecuária ou agricultura, esta em menor escala) representavam 10,4 mil hectares. Em 2010, as florestas caíram para 9,6 mil hectares e as áreas de uso alternativo cresceram para 12,2 mil. “Mesmo sendo o único assentamento agroextrativista do sudeste do Pará, o estudo mostra que o Praialta-Piranheira repete o mesmo padrão de toda a Amazônia paraense. Perde-se floresta para a pecuária”, diz Vidal.

Fonte: IBAMA