Com a elevação da temperatura do mundo, causada pelo aquecimento global, a Floresta Amazônica tende a se tornar mais seca e mais quente, prejudicando também outras regiões, por desempenhar importante papel no equilíbrio do sistema climático. A conclusão é do estudo “Riscos das Mudanças Climáticas no Brasil”, divulgado ontem (10) pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE).
Segundo o estudo “o desmatamento pode causar elevação das temperaturas na Amazônia, ao passo que a precipitação pluviométrica pode diminuir, tornando a região mais seca do que atualmente”. Esses impactos podem ser intensificados, caso a floresta continue a ser fragmentada e enfraquecida. Quando o desmatamento atingir mais de 40% da extensão origina da Floresta Amazônia, a precipitação pluviométrica diminuirá de forma significativa no leste da Amazônia. “O desmatamento poderia provocar um aquecimento de mais de 4 ºC no leste da Amazônia e as chuvas de julho a novembro poderiam diminuir em até 40%”, diz o estudo.
A redução na precipitação pluviométrica poderia comprometer também o abastecimento de energia no país, já que 70% da energia brasileira vêm de usinas hidrelétricas. Isso comprometeria as atividades industriais nas regiões importantes do país do ponto de vista econômico.
Os pesquisadores ressaltaram que a Amazônia já vem sofrendo influências das mudanças no clima. Nos últimos cinco anos ocorreram duas grandes secas e uma das piores enchentes já vistas na Amazônia. Em 2009, os rios de Manaus tiveram uma alta recorde, seguida, no ano de 2010, por uma baixa recorde.
Mitigação dos impactos
Reduzir a emissão de gases de efeitos estufa liberados na atmosfera, tanto no Brasil como no mundo, poderiam contribuir com a conservação da Amazônia e com a manutenção dos serviços que a floresta presta.
Para isso seria necessário integrar ao planejamento político e econômico do país mecanismos para diminuir o desmatamento, como o programa de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), que avançou rapidamente na agenda política, em especial nas Conferências das Partes COP- 15, realizada em dezembro de 2009 em Copenhague, e COP-16, realizada em dezembro de 2010 em Cancum.
O relatório afirma que “enquanto os serviços do ecossistema da Floresta Amazônica não forem integrados nas estruturas políticas e financeiras, a floresta será considerada mais valiosa morta do que ativa”.
Estudo
O documento, intitulado “Riscos das Mudanças Climáticas no Brasil – Análise Conjunta Brasil – Reino Unido sobre os impactos das mudanças climáticas e do desmatamento na Amazônia”, foi realizado pelo Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil e o Met Office Hadley Centre (MOHC) do Reino Unido. A pesquisa é resultado de um acordo de trabalho conjunto entre Reino Unido e Brasil sobre questões relativas às mudanças climáticas, firmado em março de 2006.
O projeto utilizou um conjunto de modelos globais e regionais desenvolvidos pelo MOHC e pelo Centro de Ciência do Sistema Terrestre do INPE para projetar os efeitos das emissões de gases de efeito estufa no clima do mundo todo e fornecer mais detalhes sobre o Brasil. Embora as projeções abranjam todo o país, o foco do relatório se concentra na Amazônia, área de preocupação nacional, regional e mundial.
Clique aqui para ler o relatório na íntegra. Para ler o relatório em inglês, clique aqui
Fonte: Amazonia.org.br
espinhas e cravos
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