O documentário A Vitória dos Netos de Makunaimî narra a história de povos indígenas, entre eles o Macuxi, que habitam a região da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, no Monte Roraima – RR, tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana. No roteiro, a luta pela posse de terras; a importância de ter uma identidade; as lendas sobre Makunaimî, um mito indígena que inspirou o escritor Mário de Andrade a desenvolver a obra “Macunaíma”, de 1928; e o forró indígena, proveniente de ritmos nordestinos.


Produzido pelo Sesc SP, com direção de Marina Marcela Herrero e Ulysses Fernandes, “o documentário mostra os índios como protagonistas de sua própria história e resgata culturalmente essa história que sempre lhes foram negada”, explica Marina. A diretora ainda ressalta a importância dessa produção para o povo indígena. “Os índios não mantêm a tradição da escrita e ter um registro audiovisual é um patrimônio para eles”.

Marina conta que a ideia de produzir o documentário surgiu na época da homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, no Supremo Tribunal Federal. “Das muitas notícias que saíram sobre a posse da terra, as falas eram de generais, indigenistas, antropólogos, políticos, funcionários da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), entre outros. Faltava dar voz aos índios”, esclarece. A produção do documentário aconteceu depois da homologação da terra e do término no conflito.

Com estreia agendada para 21 de maio, sábado,  20h, no SescTV, A Vitória dos Netos de Makunaimî registra a vida na Maturuca, uma aldeia onde, há 34 anos, os índios assumiram o compromisso de lutar pela sua terra.  Divido em três blocos, o documentário relata, no primeiro, o contato dos índios com o não índio; e a luta pela terra, que durou três décadas até a homologação. Mostra um malocão onde os povos indígenas de Roraima se reúnem para discutir e resolver problemas; as feiras que os índios promovem para troca de produtos; e a festa da vitória, comemorando a homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, reunindo diversas aldeias com muita dança, canto e comida.

O segundo bloco trata do mito Makunaimî – uma figura tida como sagrada pelos indígenas, que se consideram netos e filhos desse personagem – e revela lendas em torno desse mito.  Segundo essas fábulas, Makunaimî possuía poderes, como o de criar rios e lagos.  Também são contemplados neste bloco os desenhos deixados pelo mito em pedras por onde passava e as crenças que são transmitidas de pai para filho sobre essas pedras.

O terceiro bloco aborda o forró indígena, que mescla ritmos como forró, xote, baião, frevo e maracatu. Os índios levam a realidade que vivem para as letras das músicas, uma forma de se comunicar com os não índios. O produtor musical Marcos Wesley conversa sobre o seu envolvimento com o forró indígena. Wesley é produtor do CD Caxiri na Cuia, o Forró da Maloca, que ganhou o Prêmio Culturas Indígenas 2006 – promovido pela Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura – SID/Minc, em parceria com a Associação Guarani Tenonde Porã e o Sesc SP. Marina Marcela Herrero foi júri do evento representando o  Sesc SP.

Documentário
A Vitória dos Netos de Makunaimî
Direção: Marina Marcela Herrero e Ulysses Fernandes
Estreia: 21/05, às 20h
Classificação Indicativa: 12 anos