As instituições que oferecem formação para grupos indígenas começaram a receber, em fevereiro, a publicação “Diálogos Interculturais – povos indígenas, mudanças climáticas e REDD”. O material apresenta propostas de conteúdos e métodos a serem aplicados em capacitações que abordem esses assuntos.

A publicação, elaborada pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e editada em parceria com a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento – GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit), sugere ferramentas para incluir os aspectos críticos dessa temática nas capacitações, visando à proteção das terras indígenas brasileiras.

O objetivo da Funai é promover um alinhamento mínimo entre os conteúdos e métodos utilizados em diálogos interculturais a serem realizados com povos indígenas, tendo em vista a complexidade das questões relacionadas ao mecanismo de Redução de Emissões por Degradação e Desmatamento (REDD), ainda em construção no contexto nacional e internacional. Dessa forma, a Fundação pretende qualificar a discussão sobre o assunto e evitar a geração de falsas expectativas e prejuízos às comunidades, por meio de contratos e projetos que possam ser nocivos às atividades tradicionais e à organização social desses povos.

Segundo a Coordenadora Geral de Monitoramento Territorial da Funai, Thais Dias Gonçalves, “é somente por meio da autodeterminação, da autonomia e do protagonismo dos povos indígenas que eles poderão influenciar os debates sobre a regulamentação desse mecanismo e decidir se querem efetivamente se engajar em inciativas de REDD.

Para isso é necessário que haja um intercâmbio de informações pertinentes e imparciais sobre os temas, com a participação dos indígenas”, explica.

Quanto ao mecanismo de REDD, o informativo recomenda que ao abordar esse tema, a capacitação contemple o cenário mais amplo das mudanças climáticas e da compensação por serviços ambientais prestados.

O texto é resultado de diálogos com instituições da sociedade civil e organizações indígenas sobre a temática e pretende contribuir para que o mecanismo de REDD não seja compreendido como um fim, mas como um meio de valorização da floresta em pé, junto a outras alternativas de uso e manejo dos recursos naturais.

A publicação traz informações básicas sobre as mudanças climáticas e indicações de como promover o diálogo entre os conhecimentos tradicionais ambientais dos povos indígenas e os conhecimentos da ciência ocidental. Ensina, por exemplo, que o respeito às diferentes idéias no diálogo é imprescindível para se obter êxito ao socializar as informações e incentivar os debates, ressaltando a importância do conhecimento desses povos com relação aos sistemas de manejo dos recursos naturais.

Próximos passos – As discussões sobre REDD e povos indígenas foram conduzidas, em 2010, pela Coordenação Geral de Monitoramento Territorial – CGMT, da Funai. Em 2011, o acompanhamento será compartilhado com as demais Coordenações Gerais e Coordenações Regionais do órgão, para que cada qual assuma suas atribuições nesse contexto. O compartilhamento será iniciado em março, a partir de capacitações internas.

Serviço – Quem quiser obter a publicação impressa, pode entrar em contato com a Coordenação-Geral de Monitoramento Territorial da Funai, pelo e-mail [email protected], ou pelo telefone (61) 3313-3694. o material também está disponível em PDF.

FONTE: FUNAI