O governo do Peru pretende iniciar contatos com a Fundação Nacional do Índio (Funai) para analisar a possibilidade de atuação conjunta no trabalho de proteção aos índios isolados que vivem na região fronteiriça entre os dois países, na floresta amazônica. O anúncio foi feito por meio de uma nota distribuída pelo Ministério das Relações Exteriores do Peru, por meio de sua embaixada em Londres.

Trata-se de uma espécie de resposta ao lançamento, na segunda-feira, de uma campanha internacional em defesa dos isolados. O lançamento ocorreu em Londres, onde fica a sede de organização não governamental Survival International, responsável pela campanha. Segundo seus diretores, o governo peruano tem ignorado os apelos em favor dos índios, cujas terras estariam sendo invadidas por madeireiras.

O assunto chegou à Câmara dos Comuns, onde a oposição quis saber até que ponto o Peru, país com o qual a Inglaterra mantém relações, respeita a declaração que assinou na ONU sobre direitos indígenas. No Brasil, indigenistas do serviço de proteção dos isolados, da Funai, manifestaram apoio à campanha.

Segundo suas informações, os índios peruanos, acossados pelas madeireiras, estariam fugindo para o território brasileiro e invadindo áreas habitadas pelos isolados do lado de cá. O risco de conflitos entre esses grupos seria cada vez maior.

A nota informa que o governo peruano reconhece a existência e possui leis destinadas à proteção dos índios. “No Peru, existem aproximadamente 20 grupos indígenas isolados, dos quais 14 foram identificados. Paralelamente, existem outros 10 grupos em situação de contato inicial”, diz o texto.

Mais adiante cita a existência de cinco áreas indígenas reconhecidas e destinadas aos isolados: “Essas reservas cobrem uma área de aproximadamente 2,8 milhões de hectares.”

O contato com a Funai deverá ser feito por meio do Ministério da Cultura, segundo a nota.