O site www.estadao.com.br postou hoje uma matéria sobre o fotógrafo Araquém Alcântara, que cita sua passagem pelo Rio Cotingo, em Roraima.
O texto é assinado por Afra Balazina – http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110123/not_imp669941,0.php
Poesia e engajamento
Fotógrafo Araquém Alcântara desvenda a natureza do País em suas imagens há quase 40 anos
Fotógrafo Araquém Alcântara desvenda a natureza do País em suas imagens há quase 40 anos
Hoje não é possível falar de fotografia de natureza no País sem ter Araquém Alcântara como referência. Prestes a completar 40 anos de carreira, ele detém o recorde de vendas de livro de fotografia no Brasil. Sua obra mais famosa, TerraBrasil, lançada em 1998, vendeu 82 mil exemplares.
Para concluir o livro, Araquém levou 11 anos, percorreu todos os parques nacionais existentes na época, conheceu a fundo os biomas brasileiros e chegou a morar na Amazônia.
No mês passado, ele relançou a obra revisada – cerca de 50% das imagens são novas. E também publicou Araquém Alcântara: Fotografias, com imagens em preto e branco de paisagens e retratos em diferentes partes do País: Mococa (SP), Tailândia (PA), Santos (SP) e Chapada dos Guimarães (MT).
Início. Seu primeiro ensaio fotográfico foi sobre urubus. Desde então, mescla engajamento social e ambiental. Um de seus mestres é o fotógrafo americano Ansel Adams (1902-1984), que com seu trabalho ajudou a criar vários parques nos EUA.
O engajamento de Araquém pode ser confirmado numa de suas primeiras “campanhas”. Para evitar a construção de usinas nucleares na Jureia (hoje protegida), andou 36 km a pé para conseguir chegar ao ponto ameaçado. Seu pai, Manuel Alcântara, o velho Queco, foi com ele e serviu de modelo para uma fotografia-denúncia que correu o mundo.
Testemunha. As andanças permitiram que Araquém acompanhasse a degradação ambiental de muitas partes do País. Ele lamenta a atual situação do Vale do Jequitinhonha (MG) e a crescente desertificação no Piauí – com destaque para as voçorocas do município de Gilbués, arrasado pela mineração. “Não resta mais nada das araucárias e, na Caatinga, estão destruindo a mata seca. Também temo a savanização da Amazônia, já prevista pelos cientistas”, diz.
Mas lhe dá esperança o exemplo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas, criada pelo biólogo José Márcio Ayres com o intuito de proteger o macaco uacari-branco. Nesse tipo de unidade, a população do local não é expulsa e pode usar os recursos naturais de maneira equilibrada.
Onças e apuros. Uma de suas imagens mais conhecidas é de uma onça-pintada olhando para a câmara – a capa do TerraBrasil. O animal foi flagrado na reserva Ducke (AM). O fotógrafo sabia que a espécie habitava a região e foi ao local com mais duas pessoas. A onça parou a 35 metros e chegou a se posicionar para o ataque, mas foi embora. Araquém conta ter desperdiçado 90% das fotos de onça que poderia ter feito ao longo dos anos – um problema no flash foi um dos motivos.
Ele também passou por apuros para garantir registros. Foi sequestrado por índios no Rio Baú (afluente do Xingu) e esteve perto da morte quando o monomotor em que viajava fez um pouso forçado em Roraima e quando quase caiu numa cachoeira no Rio Cotingo – conseguiu saltar da canoa pouco antes da tragédia. Para ele, a profissão que escolheu é o oposto do glamour. “A fotografia de natureza é um exercício de meditação, contemplação e paciência.”
Ver fotos no endereço: http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/araquem-alcantara-fotografias/
FONTE: ESTADÃO
Deixe um comentário